Exemplo de versatilidade da dupla João Bosco-Aldir Blanc (foto), sempre à vontade nos gêneros que explora, “Dois pra Lá, Dois pra Cá” é um bolero bem construído, que parodia o próprio bolero, acentuando-lhe os cacoetes rítmicos, melódicos e poéticos:
“Sentindo frio em minh’alma / te convidei pra dançar / a tua voz me acalmava / são dois pra lá, dois pra cá / no dedo um falso brilhante / brincos iguais ao colar / e a ponta de um torturante / bandaid no calcanhar...”
Esta sutil obra-prima, em que o kitsch é conscientemente usado para funcionar como antídoto ao próprio kitsch, foi lançada por Elis Regina em novembro de 74, em faixa de seu elepê anual na qual se destacam, além de sua interpretação, as atuações de Paulinho Braga no bongô, Hélio Delmiro na guitarra e do coro Classic VIII. (A Canção no Tempo – Vol. 2 - Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello – Editora 34).
Dois Pra Lá, Dois Pra Cá (bolero, 1975) - Aldir Blanc e João Bosco - Interpretação: Elis Regina
LP Elis / Título da música: Dois Pra Lá, Dois Pra Cá / Aldir Blanc (Compositor) / João Bosco (Compositor) / Elis Regina (Intérprete) / Gravadora: Philips / Ano: 1974 / Nº Álbum: 6349 121 / Lado B / Faixa 2 / Gênero musical: Bolero.
Tom: Em
Em7/9 Bm7 Em7/9 Bm7 Em7/9
Sentindo frio em minh'alma te convidei pra dançar
Bm7 Db7 C7 B7
A tua voz me acalmava, são dois pra lá dois pra cá
G7M C7M Gb7 Bm7 E7
Meu coração traiçoeiro, batia mais que um bongô
Am7 Gbm B7 Em7/9
Tremia mais que as maracas, descompassado de amor
Bm7 Em7/9 Bm7 Em7/9
Minha cabeça rodando, rodava mais que os casais
Bm7 Db7 C7 B7
O teu perfume gardênia, e não me perguntes mais
G7M C7M Gb7 Dm6 E7
A tua mão no pescoço, as tuas costas macias
A7 D7 Dm6 E7
Por quanto tempo rondaram, as minhas noites vazias
A7 D7 G7M
No dedo um falso brilhante, brincos iguais ao colar
C7M Gbm7 B7 Dm6 E7
E a ponta de um torturante band-aid no calcanhar
A7 D7 Dm6
Eu hoje me embriagando de wisky com guaraná
C7M Gb7 C7 B7 Em7/9
Ouvi tua voz murmurando, são dois pra lá dois pra cá

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