domingo, 12 de março de 2006

Carlos Gomes

A música de Carlos Gomes, de temática brasileira e estilo italiano inspirado basicamente nas óperas de Giuseppe Verdi, ultrapassou as fronteiras do Brasil e triunfou junto ao público europeu.


Antônio Carlos Gomes nasceu em Campinas SP, em 11/07/1836. Estudou música com o pai e fez sucesso em São Paulo com o Hino acadêmico (com Bittencourt Sampaio) e com a modinha Quem sabe?, conhecida também como Tão longe, de mim distante, de 1860.

Continuou os estudos no conservatório do Rio de Janeiro, onde foram apresentadas suas primeiras óperas: A noite do castelo (1861), com libreto de Fernandes dos Reis, e Joana de Flandres (1863), com libreto de Salvador de Mendonça. Com uma bolsa do conservatório, estudou em Milão com Lauro Rossi e diplomou-se em 1866.

Em 19 de março de 1870 estreou no Teatro Scala de Milão sua ópera mais conhecida, Il guarany (O guarani), com libreto de Antonio Scalvini e baseada no romance homônimo de José de Alencar. Encenada depois nas principais capitais europeias, essa ópera consagrou o autor e deu-lhe a reputação de um dos maiores compositores líricos da época.

O sucesso europeu de Il guarany repetiu-se no Brasil, onde Garlos Gomes permaneceu por alguns meses antes de retomar a Milão, com uma bolsa de D. Pedro ll, para iniciar a composição da Fosca, melodrama em quatro atos em que fez uso do Leitmotiv, técnica então inovadora, e que estreou em 1873 no Scata. Mal recebida pelo público e pela crítica, essa viria a ser considerada mais tarde como a mais importante de suas obras.

Depois de Salvatore Rosa (1874) e Maria Tudor (1879), Carlos Gomes voltou ao Brasil e foi recebido triunfalmente. Nessa temporada brasileira, dirigiu na Bahia e no Rio de Janeiro a montagem de Il guarany e de Salvatore Rosa. Ainda na Bahia apresentou Hino a Camões e em São Paulo realizou, no Teatro São José, a primeira montagem de Il guarany no estado natal. A partir de 1882, Carlos Gomes passou a dividir seu tempo entre o Brasil e a Europa. No Teatro Lírico do Rio de Janeiro estreou Lo schiavo (1889; O escravo), de tema brasileiro.

Com a proclamação da república, perdeu o apoio oficial e a esperança de ser nomeado diretor da Escola de Música do Rio de Janeiro. Retomou então a Milão e estreou O condor (1891 ), no Scala. Doente e em dificuldades financeiras, compôs seu último trabalho, Colombo, oratório em quatro atos para coro e orquestra a que chamou poema vocal sinfônico e dedicou ao quarto centenário do descobrimento da América. A obra foi encenada em 1892 no Teatro Lírico do Rio de Janeiro.

Em 1895 Carlos Gomes dirigiu Il guarany no Teatro São Carlos, de Lisboa, cidade em que recebeu a última homenagem: foi condecorado pelo rei Carlos I. No mesmo ano chegou ao Pará, já doente, para ocupar a diretoria do Conservatório de Música de Belém, cargo criado pelo govemador Lauro Sodré para ajudá-lo.

Os modernistas de 1922 desprezaram Carlos Gomes, mas o público brasileiro sempre valorizou suas modinhas românticas - Bela ninfa de minh'alma, Suspiros d'alma, Quem sabe? -, a parte mais autenticamente nacional de sua obra, e a abertura ("protofonia") de Il guarany.

Em 1993 essa ópera, meio esquecida, voltou aos palcos europeus ao ser montada por Wemer Herzog, na ópera de Bonn, com Plácido Domingo no papel de Peri. Carlos Gomes morreu em Belém, em 16 de setembro de 1896.

Óperas

A Noite do Castelo (1861); Joana de Flandes (1863); Se sa Minga (1866); Nella Luna (1868); Guarany (1870); Fosca (estréia 1873); Salvador Rosa (1874); Maria Tudor (1879); Lo Schiavo - O Escravo (1889); Condor (1891); Colombo (1891).

Canções

Missa de São Sebastião (1854); Bela Ninfa de Minh'Alma (1857); A Alta Noite (1859); Hino Acadêmico (1859); Quem Sabe? (1859); Suspiros d'Alma (1859); Anália Ingrata (1859); Missa de Nossa Senhora da Conceição (1859); Salve o Dia da Ventura (1860); A Última Hora do Calvário (1860); Lo ti vidi (1866); Noturno (1866); La Madamina (1867); Eternamente (1867); Lisa, me vos tu ben? (1869); Saldação do Brasil (1876); Hino a Camões (1880); Tu m'ami (1885-90); Pensa (1885-90); Per me solo (1885-90); Dolce rimprovero (1885-90); Canta ancor (1885-90); Povera bambola (1885-90); Addio (1885-90).

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