“Bandolins” foi um presente de aniversário que Osvaldo Montenegro ofereceu a uma amiga bailarina. A intenção era reanimá-la, pois na ocasião a moça estava inconformada por seu namorado ter viajado para a França, enquanto ela, menor de idade, fora impedida de acompanhá-lo.
Daí o imaginário pas de deux narrado na letra, que ela dança sozinha: “Como se fosse um par / que nessa valsa triste se desenvolvesse / ao som dos bandolins / e como não e por que não dizer / (...) / ela valsando só na madrugada / se julgando amada / ao som dos bandolins...”
Por essa época, Osvaldo já havia gravado o elepê Poeta maldito... moleque vadio, que apesar da produção caprichada fora um fracasso, pondo em risco sua permanência na gravadora. Em conseqüência, a Warner havia lhe proposto, para continuar, apenas a metade de um compacto simples, que teria na outra face música de um compositor novo, o nada animador João Boa Morte.
Osvaldo estava mesmo a ponto de desistir da carreira, quando surgiu a oportunidade de inscrever “Bandolins” no Festival 79 de Música Popular da TV Tupi. Na realidade, ele não se sentia muito esperançoso de um bom resultado, expectativa que só piorou quando notou uma tendência de parte do público em favor da emergente vanguarda paulistana de Arrigo Barnabé e Itamar Assumpção. Os mais radicais haviam chegado a vaiar Caetano Veloso, que defendia “Dona Culpa Ficou Solteira”, de Jorge Ben.
Foi nesse estado emocional que Osvaldo pisou o palco do Anhembi, em São Paulo, para mostrar sua valsa, ao lado do amigo José Alexandre. Mas, para sua surpresa, a reação da plateia ao ouvir “Bandolins” foi altamente positiva, tendo a canção conquistado o terceiro lugar e projetado Osvaldo bem mais até do que os dois concorrentes que chegaram à sua frente. Então, além de um compacto inteiro, a Warner deu- lhe o segundo elepê e sua carreira deslanchou.
A propósito, esse festival temporão da Tupi — coordenado por Solano Ribeiro, que dirigira festivais na Excelsior e Record — acabou dando visibilidade a artistas em ascensão como Alceu Valença (com “Coração Bobo”), Elba Ramalho (com “América”) e a dupla Kleiton e Kledir (com “Maria Fumaça”) (A Canção no Tempo – Vol. 2 – Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello – Editora 34).
Bandolins (1980) - Oswaldo Montenegro - Intérpretes: Oswaldo Montenegro e Zé Alexandre
LP Oswaldo Montenegro / Título da música: Bandolins / Oswaldo Montenegro (Compositor) / Oswaldo Montenegro (Intérprete) / Zé Alexandre (Intérprete) / Gravadora: WEA / Atlantic / Ano: 1980 / Nº Álbum: BR 30.131 / Lado A / Faixa 6 / Gênero musical: Canção.
Intro: Fm Fm/Eb Dm5-/7 Fm/C# Bb F D7
Gm Gm/F
Como fosse um par que
Em5-/7 Cm/Eb
Nessa valsa triste e se desenvolvesse
Gm
Ao som dos bandolins
Gm/F
E como não e porque
Cm
Não dizer que o mundo
F
Respirava mais se ela
Bb
Apertava assim
Bb7+ Dm Am
Seu colo como se
D7 Eb
Não fosse um tempo
Cm D7 Gm
Em que já fosse impróprio se dançar assim
Gm/F Em5-/7 Cm/Eb
Ela teimou e enfrentou o mundo se rodopiando
Gm Gm/F Em5-/7 Cm/Eb F
Ao som dos bandolins
Gm Gm/F
Como se fosse um lar
Em5-/7
Seu corpo a valsa triste
Cm/Eb
Iluminava e a noite
Gm
Caminhava assim
Gm/F
E como um par
Cm F
O vento e a madrugada iluminavam a fada
Bb
Do meu botequim
Bb7+ Dm Am
Valsando como valsa
D7 Eb Cm D7
Uma criança que entra na roda
Gm
A noite tá no fim
Gm/F Em5-/7
Ela valsando só na madrugada
Cm/Eb
Se julgando amada
Gm
Ao som dos bandolins
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