quarta-feira, 23 de agosto de 2006

Louro

Lourival (no meio com a clarineta) e seu Grupo (Foto: Casa do Choro)

Louro (Lourival Inácio de Carvalho), instrumentista e compositor, nasceu em Niterói RJ, em 22/4/1894, e faleceu no Rio de Janeiro RJ, em 17/6/1956. Residindo no Barreto, em Niterói, revelou desde cedo interesse pela música. Pelos oito anos, com caixa-de-fósforos, improvisou um precário instrumento de sopro, executando os sucessos da época. Pouco depois, os pais arranjaram-lhe um emprego na fábrica de tecidos local, a Companhia Manufatora Fluminense.

Ali o garoto, conhecido por Louro, devido ao alourado dos cabelos, entrou para a banda da fábrica, chamada Centro Musical Fluminense, onde começou a estudar música. Em pouco tempo aprendeu a tocar clarineta, passando a apresentar-se com a banda em coretos ou festas públicas, sendo sua música de estréia o dobrado Coronel Barbedo. Progredindo rapidamente em seus conhecimentos musicais, logo que deixou a banda foi procurado por um senhor de Rio Bonito RJ, que lhe ofereceu o posto de regente da banda Euterpe Rio-Bonitense. Reorganizando-a, com pouco mais de 16 anos regia 70 músicos profissionais, tendo ocupado o posto até que uma desavença com o tocador de pratos o levou a abandoná-la.

Retornou a Niterói, onde logo recebeu convite para ser mestre da banda do Grupo Vinte e Um de Abril, de Capivari, perto de Campos RJ. Datam dessa época suas variações sobre o tema popular do Urubu malandro, que ficariam famosas. Deixando a banda mais tarde, passou a atuar em festas e bailes no Rio de Janeiro e Niteroi, além de cinemas e circos, acabando por se tornar popular.

Em 1913, resolveu gravar discos (conhecidos como “chapas”) para gramofone. Dirigiu-se a Casa Edison com sua clarineta e ofereceu-se para uma gravação, o que começou a fazer com a ajuda de Chiquinha Gonzaga. Formou o Grupo do Louro para acompanhá-lo, e suas gravações do Urubu malandro e de Moleque vagabundo, esta de sua autoria, fizeram grande sucesso no Rio de Janeiro.

Em 1919 apresentou-se com seu grupo musical no Teatro João Caetano, durante as representações de A juriti (Viriato e Chiquinha Gonzaga) e As pastorinhas (Abadie Faria Rosa e Paulino Sacramento). Dois anos depois, tocavam na sala de espera do Teatro Carlos Gomes executando os sucessos da época.

Frequentando todos os anos as festas da Penha realizadas sempre no mês de outubro, em 1925 ali encontrou outro clarinetista famoso, o Alfredinho. Estabeleceram uma disputa, e, para demonstrar o fôlego, tocou sua composição Choro do galo subindo e descendo os 365 degraus da escadaria, sem interromper a música.

Dois anos mais tarde resolveu ir à Europa, reunindo dois cavaquinhos, dois violões, um pandeiro e um ganzá. Depois de tocar na Bahia e em Pernambuco, apresentou-se em Portugal, atuando no Teatro Olímpia, de Lisboa. Retornando ao Brasil, em 1931, gravou na Victor seu choro Osvaldina, e, tocando sax-alto e clarineta, integrou várias orquestras.

A 9 de Janeiro de 1945 o cantor e radialista Almirante realizou na Rádio Nacional, do Rio de Janeiro, um programa sobre o artista e seu grupo, contando sua vida e relembrando seus sucessos na série A Historia das Orquestras e Músicos do Rio, dirigida pelo próprio Almirante.


Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha, SP, 1998.

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