quarta-feira, 23 de agosto de 2006

Dalva de Oliveira


Dalva de Oliveira (Vicentina de Paula Oliveira), cantora, nasceu em Rio Claro-SP, em 5/5/1917, e faleceu no Rio de Janeiro-RJ, em 31/8/1972. Filha do carpinteiro, saxofonista e clarinetista Mário Oliveira, desde pequena acompanhava o conjunto amador do pai, os Oito Batutas, nas serenatas e festas de clubes em que se apresentava. Aos oito anos, quando ele morreu, foi mandada com as três irmãs para um orfanato, o Colégio Tamandaré, onde aprendeu piano, órgão e canto coral.


Três anos depois, largou os estudos, por causa de uma doença nos olhos. Foi para São Paulo, onde a mãe já trabalhava como governanta, e empregou-se como babá, arrumadeira, ajudante de cozinheira e, mais tarde, cozinheira do Hotel Metrópole. Em seguida, passou a fazer limpeza numa escola de dança, em que, após o serviço, costumava cantar e improvisar músicas ao piano. Ouvida por um dos professores, foi convidada para participar de uma tournee com o grupo de Antônio Zovetti.

Em 1933, acompanhada da mãe, viajou por várias cidades do interior e chegou a Belo Horizonte, mas Zovetti adoeceu e o grupo se desfez. Sem dinheiro, fez um teste na Rádio Mineira e, aprovada, passou a cantar com o nome de Dalva de Oliveira. No ano seguinte, foi para o Rio de Janeiro e empregou-se como costureira numa fábrica de chinelos, da qual Mílton Guita (Milonguita) — um dos diretores da Rádio Ipanema (hoje Mauá) — era um dos proprietários. Milonguita levou-a para fazer um teste em sua rádio, sendo aprovada.

Mudou-se depois para a Rádio Sociedade e Rádio Cruzeiro do Sul (nesta cantando ao lado de Noel Rosa e, finalmente, para a Rádio Philips. Entre o trabalho em uma e outra emissora, fez temporada popular na Casa de Caboclo, do Teatro Fenix, com Jararaca e Ratinho, Alvarenga e Ranchinho, Ema d’Avila e Antônio Marzullo, atuando como atriz. Ainda no Teatro Fênix, apresentou-se como cantora e atriz de pequenas cenas cômicas entre os números.

Em 1936 conheceu Herivelto Martins, da Companhia Pascoal Segreto, que então atuava no Cine Pátria. Juntou-se a Dupla Preto e Branco, formada por Herivelto Martins e Nilo Chagas, formando um trio que foi batizado por César Ladeira como Trio de Ouro. Foram contratados pela Radio Mayrink Veiga e gravaram em 1937, na Victor, as músicas Itaguari e Ceci e Peri (ambas de Príncipe Pretinho). Casou-se com Herivelto, com quem teve dois filhos: o cantor Peri Ribeiro e Ubiratã.

Em 1938 foram para a Rádio Tupi e, dois anos depois, para a Rádio Clube. Gravou com Francisco Alves, na Columbia, o samba Brasil (Benedito Lacerda e Aldo Cabral) e Valsa da despedida (Robert Burns). A partir dessa data, exibiram-se no Cassino da Urca, ao lado de Grande Otelo e outros artistas, até o encerramento das atividades dessa casa sob o governo Dutra, em 1946.

Com o Trio de Ouro, gravou dois grandes sucessos, os sambas: Praça Onze (Herivelto Martins e Grande Otelo), na Columbia, em 1942, e Ave Maria do morro (Herivelto Martins), na Odeon, em 1943. No ano seguinte participou do filme Berlim na batucada, dirigido por Luís de Barros, e, dois anos depois, em Caídos do céu, do mesmo diretor.

Gravou na Continental em 1945, com Carlos Galhardo e Os Trovadores, a adaptação de João de Barro para a história infantil Branca de Neve e os sete anões, em dois discos, com músicas de Radamés Gnattali. Em 1947 conseguiu Outro grande êxito com o samba-canção Segredo (Herivelto Martins e Marino Pinto), gravado na Odeon. Em 1949 deixou o trio, quando excursionavam pela Venezuela com a Companhia de Derci Gonçalves.

Em 1951 retomou a carreira solo, lançando os sambas Tudo acabado (J. Piedade e Osvaldo Martins) e Olhos verdes (Vicente Paiva) e o samba-canção Ave Maria (Vicente Paiva e Jaime Redondo), sendo os dois últimos grandes sucessos da cantora. No ano seguinte foi eleita Rainha do Rádio, e excursionou pela Argentina, apresentando-se na Rádio El Mundo, de Buenos Aires, na qual conheceu Tito Clemente, que se tornou seu empresário e depois marido. Ainda em 1951, filmou Maria da praia, dirigido por Paulo Wanderley, e Milagre de amor, dirigido por Moacir Fenelon.

Em 1952 realizou temporada com Walter Pinto, no Teatro Santana, em São Paulo, e participou do filme Tudo azul, dirigido por Moacir Fenelon. Viajou para a Europa, tendo-se apresentado em Portugal e Espanha e gravado vários discos com Roberto Inglês, em Londres (Inglaterra), destacando-se entre as faixas o baião Kalu (Humberto Teixeira).

Fixou residência na Argentina, vindo ao Rio de Janeiro e São Paulo para curtas temporadas, até 1963, quando então regressou ao Brasil. Separada de Tito Clemente, casou-se com Manuel Nuno Carpinteiro. Em 1965 sofreu acidente automobilístico, e foi obrigada a abandonar a carreira por algum tempo.

Em 1970 lançou a marcha-rancho Bandeira branca (Max Nunes e Laércio Alves), que fez sucesso no Carnaval. No ano seguinte, apresentou-se no Teatro Teresa Raquel, no Rio de Janeiro. No fim da carreira, novamente em evidência, apresentou-se em televisão, shows e casas noturnas.

Em 1997, Roberto Menescal produziu o álbum Tributo a Dalva de Oliveira, reunindo nomes como Elba Ramalho, Sidney Magal, Joanna, Caubi Peixoto, Lucho Gatica e Eduardo Dusek. No mesmo ano, foi lançado pela EMI o álbum A rainha da voz, com quatro CDs, contendo as suas gravações consideradas mais expressivas, num total de 80 músicas.

CDs Dalva de Oliveira: Saudade..., 1993, Revivendo RVCD 050; A rainha da voz (4 CDs), 1997, EMI 854933-2.

Algumas músicas


























Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora.

Nenhum comentário:

Postar um comentário