quarta-feira, 11 de outubro de 2006

Henricão

Henricão (Henrique Filipe da Costa), cantor e compositor, nasceu em Itapira/SP, em 11/01/1908, e faleceu no Rio de Janeiro/RJ em 11/06/1984. Motorista de madame na rua Augusta, em São Paulo, exibido, na beleza de seus quase dois metros de altura, pela patroa orgulhosa, cuja família ele considerava sua. Nunca negou a origem humilde nem as dificuldades pelas quais passou, mesmo tendo em seu currículo sucessos nacionais – e internacionais –, além de vendagens recordes de discos para sua época.

A grande paixão era a Escola de Samba Vai-Vai, que ele viu ser fundada como cordão carnavalesco e para a qual compôs vários sambas. Cantou em circo, em parques de diversão, em rádios, nas festas populares do Nordeste. Sozinho e com algumas parceiras, das quais Carmen Costa seria a mais famosa e teria mais êxito de público e mídia que seu lançador.

Foi o primeiro Rei Momo negro da história do carnaval (com alguns seguidores no futuro) e sua figura imponente, risonha e bela ainda nos últimos dias, era recebida com alegria e reverência por todos.

Ninguém como ele alcançou sucesso fazendo versão. Já era bastante conhecido por seu Só vendo que beleza (chamada mais por Marambaia, mas depois ele acabou usando esse nome para uma música que seria "resposta" ao Só vendo que beleza) quando ouviu o tango Caminito (Gabino Peñaloza / Juan de Dios Filiberto) e criou uma versão livre em samba chamada Carmelito, que foi um furor nacional. Já ao lado de Carmem Costa, repetiu a dose ao criar Está chegando a hora (com seu parceiro favorito Rubens Campos), baseada na canção mexicana Cielito lindo (Fernandez), outro sucesso fenomenal, cantado até hoje.

Foi parceiro de grandes sambistas. Além de Rubens Campos, compuseram com ele nomes como os de Buci Moreira, Príncipe Pretinho, Caco Velho, entre outros. Entre suas várias parceiras, antecessoras de Carmen Costa, destacaram-se a paulistana Risoleta – que fez sucesso solo no teatro de revista – e a carioca Sarita.

Confessa no programa que passou fome, mesmo famoso, mas teve sempre a ajuda de amigos e "tocou a vida", como afirmava, sempre com otimismo e esperança. Se ganhasse um centavo por cada vez que se cantava Está chegando a hora, teria enriquecido. No final da vida reencontrou-se com a eterna parceira Carmem Costa, que participou de sua última gravação (1980), o LP Henricão – Recomeço, pelo Estúdio Eldorado de São Paulo. Não teve repercussão de público – hoje é peça rara, procurada por pesquisadores e colecionadores – e foi o canto do cisne dessa importante figura da música popular brasileira.

Fonte: Arley Pereira - MPB ESPECIAL - 11/6/1973

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