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terça-feira, 12 de outubro de 2010

Abdon Lyra

Abdon Lyra
Abdon Lyra (23/09/1887 També, PE - 22/9/1962 Rio de Janeiro, RJ), maestro, trombonista e compositor, começou já, com 14 anos, a dirigir a banda de música de sua pequena cidade.

Em 1908, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde passou a atuar como trombonista em diversas orquestras.

Sua música mais conhecida é a modinha Estela, com versos de Adelmar Tavares, gravada por volta de 1909 por Mário Pinheiro e em 1910 por Eduardo das Neves na Odeon. Em 1914, o cantor Orestes de Matos gravou sua modinha Estela, com Adelmar Tavares.

Em 1931, teve a toada Nós somos do Ceará, parceria com Oscar Arruda, gravada pelo próprio Oscar Arruda e a canção Djanira, parceria com Oscar Arruda, gravada na Odeon por Armindo trinta.

Em 1948, junto com o poeta e letrista Olegário Mariano, ganhou um concurso no qual se escolhia o "Hino da Música".

Obra

Djanira (c/ Oscar Arruda), Estela (c/ Adelmar Tavares), Hino da Música (c/ Olegário Mariano), Nós somos do Ceará (c/ Oscar Arruda).

O grande maestro e trombonista

Abdon Lyra desde tenra idade foi um apaixonado por música. De origem muito humilde, no entanto, não possuía recursos para entrar para a Escola de Música. Mas a música estava no seu destino. Quando contava com apenas oito anos de idade, foi assistir a uma apresentação da Banda do Corpo de Bombeiros no coreto da praça de sua pequena cidade e ficou fascinado com o trombone. Sem dinheiro para comprar o instrumento, decidiu fabricá-lo ele próprio, com latas que eram jogadas fora.

Dotado de excelente ouvido musical, Abdon Lyra começou a estudar trombone por conta própria. Aos doze anos começou a dar aulas de música para ganhar dinheiro, pois seu objetivo era ir a Recife comprar livros de teoria musical e partituras para trombone, para se aperfeiçoar nos estudos.

Autodidata, aos catorze anos já dirigia a banda de música da pequena També. Depois foi para Recife para fazer o Curso de Humanidades no Instituto de Pernambuco, e então foi convidado pelo diretor para dirigir a banda de música do colégio.

Em 1908, aos 21 anos, viajou para o Rio de Janeiro, ingressando nas orquestras, tocando trombone, instrumento de sua profissão. Dois anos depois conheceu Octávia de Carvalho, uma jovem orfã nascida em João Pessoa, que tinha vindo para o Rio de Janeiro após a morte dos pais, para morar com uma prima. Logo os dois se apaixonaram e, três meses depois de se conhecerem, estavam casados.

Desta união tiveram dois filhos: Lupercílio e Léa, ambos também com dons musicais. Lupercílio estudou saxofone, fazendo parte, posteriormente, da Orquestra da Rádio Nacional, e Léa formou-se em piano, tornando-se professora deste instrumento.

Abdon Lyra fez parte da Sociedade de Concertos Sinfônicos e da Orquestra do Teatro Municipal e, por concurso, foi professor catedrático da cadeira de trombone da Escola Nacional de Música.

Sem esquecer a origem nordestina, Abdon compôs várias peças tendo como tema o Maracatu; compôs "Fantasia para Trombone e Orquestra", o "Dobrado Brasil Eterno", onde foi colocada letra por Aloísio Pereira Pires e ficando conhecida como "A Canção das Comunicações"; compôs o "Hino sobre Rio Bonito" e a música "Estela", com letra do poeta Adelmar Tavares, seu amigo.

Em meados de 1948 conquistou o primeiro lugar no concurso realizado para escolha do Hino à Música, com letra de Olegário Mariano, e que é o Hino Oficial da Escola de Música da UFRJ. Também é de sua autoria a Canção do Trabalhador Brasileiro, cuja letra é de autoria de sua filha Léa Lyra.

Em maio de 1952 sua esposa Octávia veio a falecer, mas Abdon, que também se dedicara à espiritualidade, não se deixou abater e continuou lecionando e regendo. Muito ligado à família, Abdon Lyra era um homem cativante. Simpático e elegante, sempre tinha um sorriso para dar às pessoas.

Foi o maior incentivador de sua neta Leuri, filha de Léa, também apaixonada pelos sons, e sempre lhe dava cadernos de música para que a pequena Nini - como era carinhosamente chamada - escrevesse suas composições. No entanto, nunca foi ambicioso. Sempre se dedicou à música por amá-la de fato e não para fazer dela um meio de enriquecer ou de se autopromover.

Trabalhava de madrugada, frente à sua escrivaninha, sob a luz tênue de uma luminária, transcrevendo obras para todos os instrumentos de uma orquestra, e se, num ensaio de regência, algum instrumento não estava afinado, ele o sabia imediatamente, mesmo quando tocado juntamente com todos os outros, tal era o seu ouvido musical.

Após se aposentar pela Escola de Música, Abdon Lyra continuou ligado ao que amava, dando aulas particulares de teoria musical e de violão, seu segundo instrumento. Mas, em 1961, começou a apresentar sintomas de arteriosclerose, o que fez com que suas atitudes perante a vida e perante os outros fossem se modificando. Certa tarde, ao atravessar uma rua, Abdon foi atropelado por um carro, indo ao chão. Teve seu rosto machucado e seus olhos, feridos. Já sofria de glaucoma, o que agravou com o ferimento.

Resistindo a ser tratado pela filha, pois a arteriosclerose o fez ficar desconfiado e teimoso, teve uma infecção ocular que o levou à cegueira. Em jovem, ele sempre dizia que não suportaria se lhe faltasse a visão. No entanto, quando esta lhe faltou, ele já não tinha mais consciência disso.

Abdon Lyra perdeu toda a noção do tempo, só não perdeu a noção da música. Internado na Beneficência Portuguesa, o maestro, embora não reconhecendo mais a família, compunha trechos musicais belíssimos que solfejava para sua netinha, quando esta ia visitá-lo, mesmo sem conhecê-la mais.

Em setembro de 1962, Abdon Lyra foi acometido de insuficiência renal aguda e falência múltipla dos órgãos, vindo a morrer na madrugada do dia 22, num quarto da Beneficência Portuguesa, em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. Foi enterrado no dia 23 de setembro, dia em que completaria 75 anos de idade. (fonte: Abdon Lyra - Samba & Choro

sábado, 1 de março de 2008

Adelmar Tavares

Adelmar Tavares no seu gabinete de trabalho (Foto: "O Malho", de 18/05/1939)

Adelmar Tavares (Adelmar Tavares da Silva Cavalcanti), advogado, professor, jurista, magistrado e poeta, nasceu em Recife, PE, em 16 de fevereiro de 1888, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 20 de junho de 1963.

Ingressou na Faculdade de Direito do Recife, onde colou grau em 1909. Ainda estudante, começou a colaborar na imprensa como redator do Jornal Pequeno. Em 1910, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde ocupou importantes cargos.

Foi professor de Direito Penal na Faculdade de Direito do Estado do Rio de Janeiro; promotor público adjunto (1910); curador de resíduos e testamentos (1918); curador de órfãos (1918-1940); advogado do Banco do Brasil (1925-1930); desembargador da Corte de Apelação do Distrito Federal (1940) e presidente do Tribunal de Justiça (1948-1950).

Enquanto desenvolvia sua carreira na magistratura, Adelmar Tavares continuava colaborando na imprensa, e seu nome se tornara conhecido em todo o Brasil no setor da trova, sendo considerado, até hoje, o maior cultor desse gênero poético no Brasil.

Suas trovas sempre mereceram referência na história literária brasileira. Sua obra poética caracteriza-se pelo romantismo, lirismo e sensibilidade, sendo recorrentes temas como o da saudade e o da vida simples junto à natureza. É de sua autoria, junto com o compositor Abdon Lyra, a modinha Estela (1910).

Era membro da Sociedade Brasileira de Criminologia, do Instituto dos Advogados, da Academia Brasileira de Belas Artes, membro e patrono da Academia Brasileira de Trovas. Era considerado o Príncipe dos Trovadores Brasileiros. Foi presidente da Academia Brasileira de Letras em 1948.

Obras

Descantes, trovas (1907); Trovas e trovadores, conferência (1910); Luz dos meus olhos, Myriam, poesia (1912); A poesia das violas, poesia (1921); Noite cheia de estrelas, poesia (1925); A linda mentira, prosa (1926); Poesias (1929); Trovas (1931); O caminho enluarado, poesia (1932); A luz do altar, poesia (1934); Poesias escolhidas (1946); Poesias completas (1958).

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Lágrimas e risos

Bahiano (Manuel Pedro dos Santos, 1887-1944) 

Lágrimas e risos (valsa, 1913) - Eustórgio Wanderley e Adelmar Tavares - Interpretação: Bahiano

Disco selo: Odeon Record / Título da música: Lágrimas e risos / Adelmar Tavares (Compositor) / Eustórgio Vanderley (Compositor) / Bahiano (Intérprete) / Violão (Acomp.) / Nº do Álbum: 120271 / Nº da Matriz: 120271-2 / Gravação: 22/Setembro/1911 / Lançamento: 1913 / Gênero musical: Valsa / Coleção de Origem: IMS



A vida é toda feita assim
De riso e dor um mar sem fim
Alegre um dia o riso vem
E o pranto seguirá também

A criancinha assim que nasce
Conhece a dor, põe-se a chorar
No entanto o riso em sua face
Só muito após vem a aflorar

Sorrir, chorar e assim vai-se a vida a passar
Cantar, gemer, a mágoa vem junto ao prazer
É louco também quem nos diz, que se considera feliz
Que a sorte aos seus braços lhe atira, mentira, mentira
Pois breve ao invés de cantar
Chorar, chorar

Eu que cantando estou hoje aqui
Enquanto o público sorri
Quem sabe se em vez de cantar
Tenho vontade de chorar

Num circo, vê-se sobre a arena
Ri o palhaço a se perder
E em casa a filha assim pequena
Talvez deixasse-lhe a morrer

Sorrir, chorar e assim vai-se a vida a passar
Cantar, gemer, a mágoa vem junto ao prazer
Palhaço que ri sem cessar
Não deve não pode chorar
Pois quem é pago pra rir pra chalaça
Desgraça, desgraça
Se em pranto tens alma de par
Sorrir, cantar




sábado, 16 de fevereiro de 2008

Estela

Estela (modinha, 1910) - Abdon Lyra e Adelmar Tavares - Intérprete: Mário Pinheiro

Disco selo: Odeon Record / Título da música: Stella / Abdon Lyra (Compositor) / Adelmar Tavares (Compositor) / Mário Pinheiro (Intérprete) / Nº do Álbum: 108281 / Nº da Matriz: xR841 / Lançamento: 1909 / Gênero musical: Modinha / Serenata / Obs.: No selo do disco o título da música consta como "Serenata" que deve ser apenas o gênero da música.



Interpretação de Paraguassu (1945) para esta modinha:

Disco 78 rpm / Título da música: Estela / Abdon Lyra (Compositor) / Adelmar Tavares (Compositor) / Paraguassu (Intérprete) / Rago e Seu Conjunto (Acomp.) / Gravadora: Continental / Nº do Álbum: 15419-A / Nº da Matriz: 10445-1 / Gravação: 12/Julho/1945 / Lançamento: Setembro/1945 / Gênero musical: Modinha / Seresta / Serenata



De noite
O plenilúnio é como um sonho
Nasce tristonho
Olhando pelo céu
Beijando o mar
As estrelas no azul
Brilham sorrindo,
Estás dormindo
E eu venho, meu amor,
Te despertar


Ai, como beija o mar
O luar
E o mar suspira e geme
E treme
E no alto céu sorrindo lindo
Acorda, abre a janela
Estela


Desperta
Dorme toda a natureza
Que beleza
Venho unir tua voz
A minha voz
Entre lírios, violetas, crisantemos
Cantaremos
Como dois infelizes rouxinóis


Ai, como beija o mar
O luar
E o mar suspira e geme
E treme
E no alto céu sorrindo lindo
Acorda, abre a janela
Estela


No teu leito de seda
Dormes quieta
E o teu poeta
Canta para o teu sono suavizar
Dorme, que eu cantarei
Como é o suave canto de ave
Que gorjeia de amor
Fitando o luar


Ai, como beija o mar
O luar
E o mar suspira e geme
E treme
E no alto céu sorrindo lindo
Acorda, abre a janela
Estela


Canto
Embora amanhã
Encontres morta
À tua porta
A visão de quem te amava no abandono
Dirás ao ver Estela
Que sou eu o pombo correio
O rouxinol que te embalava os sonhos

Ai, como beija o mar
O luar
E o mar suspira e geme
E treme
E no alto céu sorrindo bonito
Não abras a janela
Estela