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quarta-feira, 15 de setembro de 2010

O vatapá

Em 1906 o maestro e chefe de orquestra do teatro musicado carioca Paulino Sacramento faz o tango O vatapá (ou um maxixe-receita?) para a revista O maxixe, de Dom Xiquote (Bastos Tigre) e João Phoca (Batista Coelho), encenado no Teatro Carlos Gomes no Rio de Janeiro.

O tango, dançado como maxixe na peça, obteve tal sucesso que chegou a ser gravado ainda na primeira década do século XX em disco Brazil (Gran Record Brazil, número 70.219, selo verde e amarelo, gravado só de um lado) , cantado em dueto por Albertina Rosa e Orestes de Matos, que acentuava a malícia da letra, explicando com isso a preferência da música no repertório das alegres pensionistas de Madame Pommery.

O vatapá (tango, 1907) - Paulino Sacramento, Bastos Tigre e João Foca - Intérpretes: Albertina Rosa e Orestes de Matos

Disco selo: Grand Record "Brazil" / Título da música: Vatapá / Paulino Sacramento (Compositor) / Orestes de Mattos (Intérprete) / Albertina Roza (Intérprete) / Piano (Acomp.) / Nº Álbum 70219 / Lançamento: 1910 / Gênero musical: Duetto / Coleção de fontes: José Ramos Tinhorão


Ele e ela:  Vatapá, comida rara
            É assim, Iaiá, que se prepara
            Vatapá, comida rara
            É assim, Iaiá, que se prepara

Ela:        Você limpa a panela bem limpa
            Quando o peixe lá dentro já está,
            Bota o leite de côco, o gengibre,
            E a pimenta da Costa e o fubá       

Ele e ela:  Mexe direito pra não queimar
            Mexe com jeito o vatapá... (bis)

Ele e ela:  O vatapá, etc.

Ela:        O camarão torradinho se ajunta,
            Ao depois da cabeça tirar...

Ele:        Mas, então, a cabeça não entra?

Ela:        Qual cabeça, seu moço, qual nada!
            Mexe direito, etc.... (bis)


Fonte: José Ramos Tinhorão.

terça-feira, 21 de março de 2006

Vem cá mulata

Os Geraldos: Geraldo Magalhães e Nina Teixeira (circa 1908)

Embora existindo desde 1902, "Vem Cá Mulata" só ficou famosa em 1906 quando se destacou como sucesso carnavalesco. Aliás, sucesso duradouro, uma vez que continuou alegrando mais dois ou três carnavais, tornando-se uma das músicas mais populares da década. O motivo por que caiu no gosto dos foliões está em seu caráter bastante animado - o que não é de se admirar tendo como um dos autores Arquimedes de Oliveira, carnavalesco adepto do Clube dos Democráticos.

A classificação de "Vem Cá Mulata" ora como tango-chula, ora como polca-chula, merece uma observação: muitas das classificações que aparecem em discos e partituras do começo do século carecem de precisão. Geralmente são meros rótulos dados por funcionários subalternos das editoras. Isso numa fase de nossa música em que alguns gêneros ainda não estavam definidos.

Vem cá Mulata (tango-chula, 1906) - Arquimedes de Oliveira e Bastos Tigre - Interpretação: Os Geraldos

Disco selo: Odeon Record / Título da música: Vem cá mulata / Arquimedes de Oliveira (Compositor) / Bastos Tigre (Compositor) / Geraldos (Intérprete) / Nº do Álbum: 108290 / Nº da Matriz: xR-850 / Lançamento: 1909 / Gênero musical: Duetto / Coleção de fontes: Nirez



C-------------- G7-----------------C
Vem cá, mulata / Não vou lá, não
-----------------G7---------------C
Vem cá, mulata / Não vou lá, não
----------------G7---------------C
Sou Democrata / Sou Democrata
---------------G7-----------C
Sou Democrata / De coração

-------------Am-------------E7----------------------------Am

O Democráticos, gente jovial / Somos fanáticos do carnaval
------------------------------E7-------------------------------Am
Do povo, vivas nós recolhemos / De nós cativas almas fazemos
------------------------------E7-------------------------Am
Ao povo damos sempre alegria / E batalhamos pela folia
----------------------------E7---------------------------Am
Não receamos nos sair mal / E letra damos no carnaval



Fonte: A Canção no Tempo - Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello - Editora 34

sábado, 11 de março de 2006

Arquimedes de Oliveira

Arquimedes de Oliveira, compositor, nasceu supostamente no Rio de Janeiro em 1870 e faleceu na mesma cidade em 1930. Autor do tango-chula "Vem cá, mulata" (1902) com letra do poeta Bastos Tigre, foi sucesso no carnaval de 1906, aliás, sucesso duradouro, uma vez que continuou alegrando mais dois ou três carnavais, tornando-se uma das músicas mais populares da década.

O motivo por que caiu no gosto dos foliões está em seu caráter bastante animado - o que não é de se admirar tendo como um dos autores Arquimedes de Oliveira, carnavalesco adepto do Clube dos Democráticos. Quando da sua ida ao estrangeiro, houve uma versão desse tango para o francês. Assinou também o tango "Caravana miúda".

Vem cá Mulata (tango-chula, 1906) - Arquimedes de Oliveira e Bastos Tigre - Interpretação: Os Geraldos



C-------------- G7-----------------C
Vem cá, mulata / Não vou lá, não
-----------------G7---------------C
Vem cá, mulata / Não vou lá, não
----------------G7---------------C
Sou Democrata / Sou Democrata
---------------G7-----------C
Sou Democrata / De coração

-------------Am-------------E7----------------------------Am

O Democráticos, gente jovial / Somos fanáticos do carnaval
------------------------------E7-------------------------------Am
Do povo, vivas nós recolhemos / De nós cativas almas fazemos
------------------------------E7-------------------------Am
Ao povo damos sempre alegria / E batalhamos pela folia
----------------------------E7---------------------------Am
Não receamos nos sair mal / E letra damos no carnaval



Fonte: A Canção no Tempo - Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello - Editora 34.

Bastos Tigre

Bastos Tigre com a revista "D. Quixote", em 1944 - Revista da Semana, RJ, ano XLV, nº 10.


Manuel Bastos Tigre, revistógrafo e compositor nasceu em Recife, Pernambuco, em 12/03/1882 e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 01/08/1957. Ainda estudante, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde foi jornalista, poeta e humorista, escrevendo sob o pseudônimo de D. Xiquote.


Em 1906 estreou com a peça Maxixe, de sua autoria e Batista Coelho, e no Carnaval do mesmo ano fez grande sucesso com o tango-chula Vem cá mulata (com Arquimedes de Oliveira), gravado pela atriz Maria Lino.

Com seis filhos para sustentar, complementava como redator de publicidade (e com sucesso) os trocados que lhe rendia o trabalho na imprensa. Escrevia reclames. É dele, por exemplo, o slogan da Bayer que correu o mundo, garantindo a qualidade dos produtos daquela empresa: "Se é Bayer é bom".

Foi ele ainda quem fez a letra para Ary Barroso musicar e Orlando Silva cantar, em 1934, o "Chopp em Garrafa", inspirado no produto que a Brahma passou a engarrafar naquele ano, e veio a constituir-se no primeiro jingle publicitário, entre nós (As vidas..., p. 16).
Escreveu ainda várias peças até o final da década de 1920, como Grão-de-bico (1915), De pernas pro ar(com Cândido Castro, 1916), Viva o amor (com Eduardo Vitorino, 1924) e Ziguezague (1926). Foi fundador e diretor da revista D. Quixote, fundador, presidente e tesoureiro da SBAT, e bibliotecário da Biblioteca Nacional, do Rio de Janeiro.


Fontes: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora - PubliFolha - 2000 - SP; As Vidas de Bastos Tigre, 1882-1982. Rio de Janeiro : ABI FUNARTE, Centro de Documentação; Cia. de Cigarros Souza Cruz, 1982. 32p. il.