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terça-feira, 12 de outubro de 2010

Santos Coelho

Santos Coelho (Manoel dos Santos Coelho), violonista e compositor, nasceu em 1870 no Rio de Janeiro, RJ e faleceu na mesma cidade em 1927. Tocava também viola portuguesa. Segundo os poucos registros conhecidos sobre ele, nasceu, viveu e morreu nesta cidade (Foto ao lado: Revista Fon Fon, de 07 de maio de 1910).

Embora pouco se saiba sobre sua vida, acabou entrando para a história da música popular brasileira devido à celebre canção Saudade eterna, que recebeu letra do poeta Domingos Correia e passou a ser conhecida como Flor do mal, sendo gravada inicialmente por Vicente Celestino pela Odeon em 1916.

Essa composição, entretanto, já havia sido letrada por Catulo da Paixão Cearense com o título de Ó como a saudade dorme num luar de calma!, versão que ficou menos conhecida. Em 1908, tomou parte de um famoso recital promovido por Catulo da Paixão Cearense no Instituto Nacional de Música.

Em 1910, publicou, com prefácio dos maestros Francsico Braga e Henrique Oswald, o Método de guitarra portuguesa, em edições E. Bevilacqua. Por volta de 1913, teve gravadas na Odeon as valsas Esfolhada, pela Banda do Malaquias, e Lídia, pela Banda do Corpo de Bombeiros.

Em 1946, o pianista Mário de Azevedo gravou a valsa Flor do mal em disco Continental. Em 1980, sua canção Flor do mal (Saudade eterna) foi gravada pelo cantor Onéssimo Gomes no LP Serestas brasileiras da gravadora Musidisc.

Obras

Esfolhada, Flor do mal, Lídia.

Título da música: Lídia / Gênero musical: Valsa / Intérprete: Banda do Corpo de Bombeiros / Compositor: Coelho, Santos / Gravadora Odeon / Número do Álbum 120215 / Data de Gravação 1912-1913 / Data de Lançamento 00/1913 / Lado: único / Acervo Humberto Franceschi / Rotações: Disco 78 rpm:



Título da música: Flor do mal / Gênero musical: Seresta / Intérprete: Vicente Celestino / Compositores : Correia, Domingos - Coelho, Santos / Gravadora Odeon / Número do Álbum 121052 / Data de Gravação 1912-1915 / Data de lançamento 1912-1915 / Lado: único / Acervo Humberto Franceschi / Rotações: Disco 78 rpm:


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Fontes: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha; Dicionário da MPB; Revista Fon Fon, maio/1910.

José Rebelo da Silva

Zé Cavaquinho
José Rebelo da Silva (20/03/1884 Guaratinguetá, SP - 01/05/1951 Rio de Janeiro, RJ) , instrumentista, regente e compositor, conhecido também como Zé Cavaquinho, ainda jovem se mudou para o Rio de Janeiro, onde estudou cavaquinho na loja e fábrica de instrumentos Cavaquinho de Ouro. Posteriormente aprendeu a tocar violão e flauta.

Foi professor de violão (escreveu métodos para o estudo do cavaquinho), e também funcionário do Ministério da Agricultura.

Sua carreira artística começou ainda jovem e, em 1903, com apenas 19 anos, participou da serenata organizada por Eduardo das Neves em homenagem ao aviador brasileiro Santos Dumont que então regressa da Europa.

Por essa época também atuou em orquestras, tocando flautas, basicamente em apresentações em cinemas. Por essa ocasião, reunia-se frequentemente no Cavaquinho de Ouro com outros importantes músicos da época como Quincas Laranjeiras, Anacleto de Medeiros, Luís de Souza,Juca Kalut, Felisberto Marques, Catulo da Paixão Cearense, Luiz Gonzaga da Hora, Irineu de Almeida, além do maestro Heitor Villa-Lobos, entre outros.

Em 1907, foi um dos fundadores do famoso rancho carnavalesco Ameno Resedá, cuja reunião de fundação teria acontecido segundo alguns na ilha de Paquetá e segundo outros na barca que trazia o grupo fundador de volta à Praça Quinze, depois de um passeio à famosa ilha da Baía da Guanabara. 

Em 1908, formou e regeu a orquestra que era a grande atração do primeiro desfile do rancho Ameno Resedá, com o enredo "Corte Egipciana". Essa orquestra tinha mais de vinte músicos além do coral. Além de reger a orquestra do Ameno Resedá desfilou também como violonista e flautista e compôs várias marchas-ranchos para desfile do Ameno Resedá. Ainda em 1908, participou com Catulo da Paixão Cearense e outros de um famoso recital organizado pelo poeta na Escola Nacional de Música. Na ocasião usou um violão-bolacha fabricado pelo Cavaquinho de Ouro.

Em 1911, dirigiu a orquestra do Ameno Reseda no desfile de carnaval com o enredo "Corte de Belzebu". Na ocasião, apareceu empunhando sua flauta à frente da orquestra e da comissão de frente, em documento histórico reproduzido posteriormente por Jota Efegê no livro "Ameno Resedá - O rancho que foi escola". Nessa ocasião, participou nos jardins do Palácio Guanabara de uma apresentação especial do Rancho Ameno Resedá ao presidente da República Hermes da Fonseca e sua esposa Orsina da Fonseca.

Em 1928, foi homenageado pela Casa Cavaquinho de Ouro através de um folheto por ela publicado e em cujo texto, citado por Ary Vasconcelos, se lê "..é, na atualidade, por suas requintadas preocupações clássicas do solo, um autêntico esteta do violão." Entre suas composições destacaram-se a valsa Miragem, e os tangos Ipiranga e Guanabara, este último, gravado em 1930 pela Orquestra Brunswick.

Fonte: Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira.

sexta-feira, 24 de março de 2006

Hermes Fontes

Hermes Fontes, compositor e poeta, nasceu em Boquim SE, em 28/8/1888 e faleceu no Rio de Janeiro RJ, em 25/12/1930. Filho de lavradores, formou-se em Ciências Jurídicas e Sociais no Rio de Janeiro, para onde se mudou com a ajuda do governador da Província de Sergipe. Foi oficial de gabinete do Ministério da Viação durante o governo de Washington Luiz. Suicidou-se no Rio de Janeiro.

Em 1908, publicou Apoteoses, sua primeira obra poética. Em 1913 publicou Gênese, seu segundo livro de poesias. No mesmo ano, teve gravada pelo cantor Roberto Roldan, na Odeon, a modinha Constelações, parceria com Cupertino de Menezes. Colaborou com o jornal "O Fluminense", de Niterói (RJ), e mais tarde fundou o jornal "A Estreia", trabalhando ao mesmo tempo nos Correios e Telégrafos.

Em 1922, o cantor Bahiano lançou na Odeon, o fado-tango Luar de Paquetá, composta dois anos antes, em parceria com Freire Júnior e que alcançou enorme sucesso, tornando-se no ano seguinte, título de uma revista que logrou mais de uma centena de apresentações.

Regravada várias vezes, entre outros por Francisco Alves, logrou repetir o sucesso em 1944, quando foi regravada em dueto por Dircinha Batista e Deo, com acompanhamento de orquestra e coro. Publicou ainda os livros de poesias Ciclo da perfeição, Mundo em chamas, Miragem do deserto, Epopéia da vida, Microcosmo, Despertar, A lâmpada velada e A fonte da mata.


Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha.

quarta-feira, 15 de março de 2006

Irineu de Almeida

Irineu de Almeida, compositor e instrumentista, nasceu no Rio de Janeiro RJ em 1890 e faleceu em 1916, na mesma cidade. Foi também conhecido como Irineu Batina, pela longa sobrecasaca que costumava usar. Além de compositor, tocava oficlide, bombardino e trombone, integrando a banda do Corpo de Bombeiros.


Companheiro dos grandes chorões da época, como Luís de Sousa, Carramona, Licas, Catulo da Paixão Cearense, Anacleto de Medeiros, Juca Kalut e Quincas Laranjeiras, foi também amigo e hóspede do pai de Pixinguinha, Alfredo da Rocha Viana.

Foi diretor de harmonia do rancho Filhas das Jardineiras da Cidade Nova e professor de música de Pixinguinha, cujo talento profetizou. Autor de várias composições de sucesso, muitas das quais receberam versos de Catulo da Paixão Cearense, morreu no bairro de Catumbi, na cidade do Rio de Janeiro.

Meu Ideal
Música de Irineu de Almeida / Versos de Catulo da Paixão Cearense / Intérprete: Mário Pinheiro / Gênero: Canção / Imprenta [S.l.]: Odeon, 1904-1907 / Álbum 40533 / Data da gravação 1904-1907 / Lançamento 1904-1907 / Lado A / Disco 78 rpm:



Pudesse esta paixão na dor cristalizar / E os ais do coração em pérolas congelar / De tudo o que sofreu na tela deste amor / Faria ao nome teu divino resplendor / Pudesse est’alma assim com a tua entrelaçar / E aos pés de Deus num surto ao fim voar / E as nossas almas transmutar / Numa só alma de um insonte querubim

Lá, lá nos céus então / Contigo ali / Do amor na pura e etérea floração / Lá, junto a Deus então / Cantar uma canção / De adoração a ti / Lá eu diria aos pés do Redentor / Perante os imortais: / Senhor, eu venero muito a ti / Mas confessor sem temor/ Que a ela eu amo mais

Minh’alma ascende além, que Deus já te esqueceu / E a terra não contém afeto igual ao teu / Procuras, mas em vão, na térrea solidão / Ouvir a pulsação do coração do amor / Num raio inspirador, no plaustro do luar / Percorre o céu, o inferno, a terra e o mar / Não acharás, não acharás amor igual / Que o teu amor é imortal

Obra completa

Afeto sincero, xótis, s.d.; Albina, polca, s.d.; Bem te quero (ou No céu, na terra, c/versos de Catulo da Paixão Cearense), valsa, s.d.; Carlotinha (ou A Rosa apaixonada, c/versos de Catulo da Paixão Cearense), valsa, s.d.; Dainéia (c/versos de Catulo da Paixão Cearense), polca, s.d.; Digitalis (ou Lamento, c/versos de Catulo da Paixão Cearense), valsa, s.d.; Eva, chótis, s.d.; Inocente desejo (id., c/versos de Catulo da Paixão Cearense), valsa, s.d.; Irene (ou As Tuas mãos, c/versos de Catulo da Paixão Cearense), valsa, s.d.; Jaci, chótis, s.d.; Maria Eugênia, valsa, s.d.; Meu ideal (id., c/versos de Catulo da Paixão Cearense), chótis, s.d.; O Meu jasmineiro (id., c/versos de Catulo da Paixão Cearense), romance, s.d.; Morcego, tango, s.d.; Nininha, polca, s.d.; Os Olhos dela (id., c/versos de Catulo da Paixão Cearense), chótis, s.d.; Princesa de cristal (ou Salve, c/versos de Catulo da Paixão Cearense), chótis, s.d.; Ruth (ou Licor de ilusão, c/versos de Catulo da Paixão Cearense), valsa, s.d.; São João debaixo d’água, polca, s.d.; Susana (ou Se cantas ao violão, c/versos de Catulo da Paixão Cearense), polca, s.d.; Tude, polca, s.d.


Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e PubliFolha, 1998.

domingo, 12 de março de 2006

Cupertino de Menezes

Cupertino de Menezes, compositor, maestro, flautista e violinista nasceu em 18/9/1868 e faleceu em 18/10/1950 na cidade do Rio de Janeiro RJ. Filho de Capitulina Maria da Conceição e Juvêncio Acto de Menezes, nasceu em Porto Alegre, quando lá se detiveram os pais, que atuavam como enfermeiros, ajudando a transportar soldados feridos na guerra do Paraguai. 


Seu nome foi dado em homenagem ao santo do dia, São José de Cupertino. Quando a guerra terminou, em 1870, a família transferiu-se para o Rio de Janeiro.

Aos 14 anos de idade, ingressou como artífice na Marinha, no Arsenal da Ilha das Cobras. Ali aprendeu inicialmente a tocar trompete, abandonando depois esse instrumento para dedicar-se à flauta. Quando deixou o Arsenal, estudou harmonia e orquestração.

Dirigiu bandas importantes como a da Brigada Policial, a da Casa Faulhaber e a da Casa Edison. Escreveu o chótis Tardes amenas, que se tornou a canção Manhãs de abril ao receber letra do poeta Hermes Fontes. Esta composição foi gravada por vários artistas dentre os quais a atriz Abgail Maia que a incluiu em seu repertório. Posteriormente Catulo da Paixão Cearense também colocou letra em Tardes amenas, chamando-a Fascinação por teus olhos, omitindo o nome de Cupertino quando a inseriu na "Lira dos salões".

Em 1914, Alvarenga Fonseca e Armando Oliveira fizeram uma paródia de Tardes amenas - Lua cheia - para o ator Bernardino Machado, que a cantou na revista "Chuá", imitando um bêbado. Em 1923, fundou a Estudantina Euterpe, onde teve diversos alunos entre os quais o compositor Jaime Ovale.

Cupertino

"Grande maestro, flauta fluente e sonoroso "primus interpares" entre seus componentes pelo gosto e modo de exprimir com sentimento as suas produções, e também as de Callado, Rangel, Viriato e de outros tantos por mim descritos. Agora já se acha velho e retirado dos choros, tendo se dedicado ao violino tornando-se um admirador de Paganini. Formou até uma sociedade de aprendizagem de músicos onde tem se aproveitado grande quantidade de moças e moços que já se acham diplomados pelo Instituto de Música. Tem de sua lavra grande quantidade de choros. Apesar de não vê-lo há muito tempo, acho que ainda vive para a felicidade dos seus inúmeros alunos e de seus amigos, que no rol deles se encontra o escritor" (O Choro - Reminiscências dos chorões antigos - Rio de Janeiro, 1936 - Alexandre Gonçalves Pinto).

A bela vivenda de Manoel Vianna

"Fui convidado pelo grande Professor Cupertino, para assistir um conjunto de chorões lá para as bandas de Água Santa. Tomando um trem de subúrbios, saltei no Engenho de Dentro, onde esperei um ônibus para aquelas bandas. Depois de muito esperar, enfim, chegou o tal ônibus, onde me foi impossível embarcar, tal o assalto da grande população que ali também esperava. Enfim, pacientemente esperei outro, porque no primeiro fui completamente barrado, pisado, e com a roupa toda amassada. Na chegada do segundo, tomei coragem, e consegui entrar, não sem grande custo. E lá fui no tal veículo que cai daqui, cai para acolá, lá cheguei com os órgãos internos todos soltos de seu competente lugar. Já um pouco distante, já eu ouvia o mavioso som da maravilhosa flauta do Professor Cupertino.

Em passos cadenciados, cheguei à casa, que era um verdadeiro paraíso, onde habitaram nossos primeiros pais. Ao chegar à porteira da casa, visto por Vianna e Cupertino, foi um delírio! Vianna todo sorridente veio me receber à porteira dando-me um abraço que ainda sinto o seu contato. Cupertino recebeu-me sorridente e agradecendo o meu comparecimento ao seu convite. Estavam todos tocando em um belo terraço que tem a sua casa. Sentando-me em uma das cadeiras depois de ter cumprimentado a todos, agarrei de unhas e dentes um mavioso violão, que pousava em cima de uma cadeira, e assim fui fazendo um Mi menor com seus acordes, agradando a todos os componentes do conjunto. Faltava ali um cavaquinho, e tocando eu também este instrumento, Vianna trouxe-me um e entregou-me, eu então o afinando comecei manhosamente a dedilhar contentando mais ou menos a todos.

- Então Cupertino disse: Vamos a um choro? E colocando a sua maviosa flauta aos lábios tocou uma belíssima polca de Callado, que eu felizmente, apesar dos anos passados, ainda me lembrava. Pois todos os chorões sabem que o cavaquinho é um instrumento que nestes choros é de uma necessidade de grande valor. E então o Professor Cupertino, desfiou o rosário, tocando Callado, Viriato, Silveira, Luizinho e outros grandes flautas antigos e modernos, que era uma delícia" (O Choro - Reminiscências dos chorões antigos - Rio de Janeiro, 1936 - Alexandre Gonçalves Pinto).


Fontes: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora - São Paulo, 2000; O Choro - Reminiscências dos chorões antigos - Rio de Janeiro, 1936 - Alexandre Gonçalves Pinto.

sábado, 11 de março de 2006

Arquimedes de Oliveira

Arquimedes de Oliveira, compositor, nasceu supostamente no Rio de Janeiro em 1870 e faleceu na mesma cidade em 1930. Autor do tango-chula "Vem cá, mulata" (1902) com letra do poeta Bastos Tigre, foi sucesso no carnaval de 1906, aliás, sucesso duradouro, uma vez que continuou alegrando mais dois ou três carnavais, tornando-se uma das músicas mais populares da década.

O motivo por que caiu no gosto dos foliões está em seu caráter bastante animado - o que não é de se admirar tendo como um dos autores Arquimedes de Oliveira, carnavalesco adepto do Clube dos Democráticos. Quando da sua ida ao estrangeiro, houve uma versão desse tango para o francês. Assinou também o tango "Caravana miúda".

Vem cá Mulata (tango-chula, 1906) - Arquimedes de Oliveira e Bastos Tigre - Interpretação: Os Geraldos



C-------------- G7-----------------C
Vem cá, mulata / Não vou lá, não
-----------------G7---------------C
Vem cá, mulata / Não vou lá, não
----------------G7---------------C
Sou Democrata / Sou Democrata
---------------G7-----------C
Sou Democrata / De coração

-------------Am-------------E7----------------------------Am

O Democráticos, gente jovial / Somos fanáticos do carnaval
------------------------------E7-------------------------------Am
Do povo, vivas nós recolhemos / De nós cativas almas fazemos
------------------------------E7-------------------------Am
Ao povo damos sempre alegria / E batalhamos pela folia
----------------------------E7---------------------------Am
Não receamos nos sair mal / E letra damos no carnaval



Fonte: A Canção no Tempo - Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello - Editora 34.

Bastos Tigre

Bastos Tigre com a revista "D. Quixote", em 1944 - Revista da Semana, RJ, ano XLV, nº 10.


Manuel Bastos Tigre, revistógrafo e compositor nasceu em Recife, Pernambuco, em 12/03/1882 e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 01/08/1957. Ainda estudante, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde foi jornalista, poeta e humorista, escrevendo sob o pseudônimo de D. Xiquote.


Em 1906 estreou com a peça Maxixe, de sua autoria e Batista Coelho, e no Carnaval do mesmo ano fez grande sucesso com o tango-chula Vem cá mulata (com Arquimedes de Oliveira), gravado pela atriz Maria Lino.

Com seis filhos para sustentar, complementava como redator de publicidade (e com sucesso) os trocados que lhe rendia o trabalho na imprensa. Escrevia reclames. É dele, por exemplo, o slogan da Bayer que correu o mundo, garantindo a qualidade dos produtos daquela empresa: "Se é Bayer é bom".

Foi ele ainda quem fez a letra para Ary Barroso musicar e Orlando Silva cantar, em 1934, o "Chopp em Garrafa", inspirado no produto que a Brahma passou a engarrafar naquele ano, e veio a constituir-se no primeiro jingle publicitário, entre nós (As vidas..., p. 16).
Escreveu ainda várias peças até o final da década de 1920, como Grão-de-bico (1915), De pernas pro ar(com Cândido Castro, 1916), Viva o amor (com Eduardo Vitorino, 1924) e Ziguezague (1926). Foi fundador e diretor da revista D. Quixote, fundador, presidente e tesoureiro da SBAT, e bibliotecário da Biblioteca Nacional, do Rio de Janeiro.


Fontes: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora - PubliFolha - 2000 - SP; As Vidas de Bastos Tigre, 1882-1982. Rio de Janeiro : ABI FUNARTE, Centro de Documentação; Cia. de Cigarros Souza Cruz, 1982. 32p. il.

quinta-feira, 9 de março de 2006

Cadete


Cadete (Manuel Evêncio da Costa Moreira), cantor, compositor e instrumentista, nasceu em Ingazeira, PE, em 3/5/1874 e faleceu em Tibagi, PR, em 25/7/1960. Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1887, a fim de matricular-se na Escola Militar, onde ganhou o apelido de “Cadete” e chegou a receber uma medalha das mãos de Pedro II, por ser o único a responder uma pergunta sobre o valor do grama.


Preso mais de uma vez por indisciplina, convenceu-se da impossibilidade de conciliar a boêmia com a rigidez da vida militar e abandonou a farda, aproximando-se dos chorões e seresteiros da época.

Conheceu Sátiro Bilhar, que o apresentou a Catulo da Paixão Cearense, em 1896, e, por seu intermédio, integrou-se na roda dos grandes chorões: Anacleto de Medeiros, Irineu de Almeida, Mário Pinheiro, Neco, Pedro de Alcântara, Juca Kalut, Eduardo das Neves, Quincas Laranjeiras, Cantalice, Luís de Souza e outros. Com Bahiano, Mário Pinheiro e Nozinho, formou o primeiro elenco de cantores profissionais da Casa Edison, introdutora no Brasil da gravação de discos de gramofone.

Principiando nos fins do séc. XIX com a gravação de cilindros metálicos (fonogramas), Fred Finger, proprietário do estabelecimento, lançou em 1902 o primeiro catálogo de discos (chapas de cera). Nele seu nome aparece gravado com a sigla K. D. T., cantando para a etiqueta Zon-O-phone cerca de 65 modinhas e lundus, todos da série em cuja lista já se encontravam alguns dos grandes sucessos do seresteiro, destacando-se a modinha Bem-te-vi (Miguel Emídio Pestana e Melo Morais Filho) e o lundu A mulata (Xisto Bahia e Melo Morais Filho). Fez também anúncios para a Casa Edison.

Em 1906 percorreu o Norte do país, apresentando-se no Ceará, Maranhão, Amazonas e Acre, excursionando depois pelo Uruguai e Argentina. No ano seguinte mudou-se para o Paraná e formou-se em farmácia em 1910, tendo morado em Tibagi, Campina Alta e Reserva. Fixou-se definitivamente em Tibagi, abriu uma farmácia e elegeu-se vereador.

Casou em 1908, enviuvou em 1937, casando novamente no ano seguinte. Visitava periodicamente o Rio de Janeiro para fazer gravações, tendo-se apresentado pela última vez nessa cidade em 1942, cantando em programa da Rádio Nacional. Afastando-se do meio artístico, quando morreu deixou grande coleção de discos, muitos dos quais são verdadeiras raridades.


Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e PubliFolha - SP.

quarta-feira, 8 de março de 2006

Bahiano, o primeiro cantor profissional


Não fora a introdução do fonógrafo no Brasil, talvez a carreira de um dos mais celebrados intérpretes da música popular brasileira tivesse se perdido. Mas foi o fonógrafo o responsável por ser possível avaliar a obra do cantor Bahiano, logo após a implantação do aparelho no Brasil.


Quando em 1903 Fred Figner, o proprietário da Casa Edison, fez editar o primeiro catálogo comercial de discos de sua fábrica, quem encabeçava a lista das primeiras 73 gravações era exatamente Bahiano, por ele contratado - junto com Cadete, outro intérprete popular - para ser o primeiro a gravar comercialmente no Brasil (Foto ao lado: o cantor Bahiano).

Nascido em 5 de dezembro de 1887, em Santo Amaro da Purificação, na Bahia, Manuel Pedro dos Santos, que viveria no Rio de Janeiro até sua morte em 15 de julho de 1944, ganhou fama ao se tornar cançonetista com o apelido de Bahiano. Especializado em modinhas e lundus, que cantava acompanhando-se ao violão, teve a chance de se tornar conhecido e ganhar lugar definitivo na história da música popular brasileira e do samba em particular, ao gravar para a Casa Edison o considerado primeiro samba levado ao disco, o Pelo Telefone, em 1917.

Primeiro cantor a se profissionalizar no Brasil, gravou também o primeiro disco, que substituiu os cilindros gravados, como de hábito na época, em apenas uma das faces. Esse registro foi feito com o lundu de Xisto Bahia, Isto é bom, no selo Zon-O-Phone n° 10.001.

Fez sucesso até meados dos anos 20, gravando composições consideradas clássicas entre as centenas de sua discografia. A modinha Perdão Emília, de Eduardo das Neves, o tango de Arthur Azevedo, As Laranjas da Sabina, e a toada Caboca de Caxangá, de Catulo da Paixão Cearense e João Pernambuco, são exemplos.

No final da carreira grava Quem Eu Sou, lamentoso e autobiográfico: "Quem eu sou? / Um baiano atirado / Nessas vagas soberbas do mar / Já sem leme, bem perto da rocha / Desse abismo que vai me tragar" - e fecha com uma fala inesperada: "Canto há tantos anos e nunca arranjei nada. Finalmente, consegui um empregozinho nesta casa, com o que vou vivendo, graças a Deus".


O Echo Phonographico de São Paulo, homenageava em 1904 o cantor Bahiano. Com ele nascia a profissão de cantor.


Fonte: "História do Samba" (fascículos) - Editora Globo.