Carmen Costa (Carmelita Madriaga), cantora, nasceu em Trajano de Morais RJ, em 5/7/1920. Filha de um casal de meeiros da fazenda Agulha, aos noves anos de idade começou a trabalhar na casa de uma família protestante, onde aprendeu a cantar hinos religiosos.
Por volta de 1935 transferiu-se para o Rio de Janeiro RJ e, empregada como doméstica na residência do cantor Francisco Alves, começou a frequentar programas de calouros.
Em 1937 conheceu o compositor Henricão (Henrique Filipe da Costa), que a batizou com o nome artístico de Carmen Costa e com quem iniciou sua carreira profissional, em 1938, cantando em dupla numa feira de amostras, o Arraial do Rancho Fundo, em Juiz de Fora MG.
No ano seguinte, de volta ao Rio de Janeiro, apresentou-se numa feira de amostras da Praça Quinze de Novembro, onde cantavam Carmen e Aurora Miranda, a dupla Alvarenga e Ranchinho, e as Irmãs Pagãs. Cantando em dupla com Henricão até 1942, obteve alguns êxitos gravados em 78 rpm da Odeon: Onde está o dinheiro (Henricão), Dance mais um bocado (Henricão e Príncipe Pretinho) e Samba, meu nego (Buci Moreira e Miguel Baúso).
Sua primeira gravação individual foi feita na Victor em 1942, com Está chegando a hora, versão de Henricão e Rubens Campos da valsa mexicana Cielito lindo. Gravada um pouco antes do Carnaval, apenas 35 cópias do disco foram distribuídas pelo autor e a intérprete por diversas emissoras, e a música tornou-se um dos grandes sucessos carnavalescos do ano. Seguiram-se outros êxitos, entre os quais Carmelito (versão de Henricão do tango Caminito) e Xamego (Luiz Gonzaga e Miguel Lima), ambas lançadas em 1943.
Em novembro de 1945 a cantora se casou com o norte-americano Hans van Koehler, com quem viajou no ano seguinte para o exterior. Permaneceu durante dois anos em New Jersey, E.U.A., tendo-se apresentado em 1947 no teatro Triboro, em New York. Esteve ainda em Caracas, Venezuela, e Bogotá, Colômbia. De volta ao Brasil lançou, pelo selo Star da gravadora Copacabana, o frevo Sonhei que estava em Pernambuco (Clóvis Mamede).
Pela mesma gravadora lançou em 1952 a marcha Cachaça (Mirabeau, Héber Lobato e Lúcio de Castro), um dos maiores êxitos carnavalescos de sua carreira. Outros grandes sucessos dessa época, gravados na Copacabana, foram Eu sou a outra (Ricardo Galeno), de 1953; Quase (Mirabeau e Jorge Gonçalves), de 1954; Obsessão (Mirabeau e Milton de Oliveira), de 1956; e Jarro da saudade (Mirabeau, Geraldo Blota e Daniel Barbosa), grande êxito carnavalesco de 1957.
Cantora de grande popularidade na década de 1950, atuou também no cinema, aparecendo nos filmes Carnaval em Marte, de Watson Macedo, em 1955; Depois eu conto, de José Carlos Burle, 1956; e Vou te contá, de Alfredo Palacios 1958. De 1959 a 1963 voltou a residir nos E.U.A. e realizou excursões artísticas por diversos países.
Em 1961 passou três meses no Brasil, gravando na RCA Victor Se eu morrer amanhã (José Garcia). Em 1962 tomou parte no Festival de Bossa Nova realizado no Carnegie Hall, de New York, tocando cabaça, e em 1964, depois de alguns meses no Brasil, voltou a viajar para os E.U.A., desta vez levando o instrumentista Sivuca, com quem realizou algumas apresentações.
Retornando ao Brasil, exibiu-se em boates paulistas e cariocas, e em 1973 lançou pela RCA Victor o LP intitulado Trinta anos depois, reinterpretando antigos sucessos e gravando novas canções. No mesmo ano atuou num espetáculo realizado na igreja do Outeiro da Glória, no Rio de Janeiro, onde, dirigida por Artur Laranjeira e Antônio Crisóstomo, interpretou hinos sacros, benditos e rezas, com arranjos do saxofonista Paulo Moura. Realizou recitais semelhantes em vários locais do Brasil, como na igreja do Embu SP, na catedral de Brasília DF e no Teatro Guaíra, em Curitiba PR. Ainda em 1973, ao lado do veterano sambista Ismael Silva, apresentou-se no espetáculo Se você jurar, estreado em Curitiba.
Em 1974, juntamente com Paulo Marques, lançou pela etiqueta Marcus Pereira o LP A música de Paulo Vanzolini, disco reeditado em CD na década de 1990. Em 1980 reencontrou Henricão no programa Tudo é Música, da TV Educativa do Rio de Janeiro, quando relembraram sucessos da dupla, refeita em outubro desse ano para gravação especial em duas faixas do LP Henricão - Recomeço, do Estúdio Eldorado. Foi o último encontro da dupla: Carmen Costa prosseguiu carreira solo e, para Henricão (apesar das músicas novas, de sua autoria, cantadas no disco) não houve recomeço - o LP não teve repercussão e o compositor morreu no esquecimento, em 11 de junho de 1984.
Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha - SP - 1998.
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