Grande Otelo (Sebastião Bernardes de Sousa Prata), ator, cantor e compositor, nasceu em Uberlândia MG (18/10/1915) e faleceu em Paris, França (26/11/1993). Aos oito anos, exibia-se na calçada dos hotéis da cidade natal, para hóspedes e curiosos.
Por volta de 1925, com a companhia da atriz Iara Isabel, foi para o Rio de Janeiro, estreando na peça O tesouro da Serra Morena, no Circo Serrano. Nessa ocasião foi adotado pela atriz, casada com o maestro e professor Fellipo Aléssio. Na casa do professor, em São Paulo SP, acompanhava Abigail (outra filha adotiva do casal) nas aulas de canto e, assim, aprendeu noções de música e canto.
Em 1926, ainda como Pequeno Otelo, foi a sensação da Companhia Negra de Revistas. Estudou no Liceu Coração de Jesus, em São Paulo, mas preferiu voltar à vida artística, indo cantar na Rádio Educadora Paulista. Conheceu então Jardel Jércolis, ator e empresário, que mudou seu nome artístico para Grande Otelo. Com ele realizou uma excursão ao Sul do Brasil.
Em 1935 voltou ao Rio de Janeiro, para trabalhar na peça Goal. No ano seguinte, ainda com a companhia de Jardel Jércolis, fez temporada em Portugal, Espanha, Argentina e Uruguai. O ano que marcou realmente o início do sucesso em sua carreira artística foi 1937, quando trabalhou na peça Maravilhosa, no Teatro Carlos Gomes.
Apesar de haver estreado no cinema em 1935, fazendo uma ponta no filme Noites cariocas, de Enrique Cadimano, somente começou a ser notado em 1937, quando trabalhou em João Ninguém, de Mesquitinha. Desse ano até 1946 figurou com destaque em shows de teatro no Brasil, Uruguai e Argentina, além do Cassino da Urca, no Rio de Janeiro, onde era atração, tendo cantado com Carmen Miranda em 1940.
Em 1943 participou do filme de estréia da Atlântida — Moleque Tião, de José Carlos Burle —, ao lado de Custódio Mesquita. Junto com Oscarito, trabalhou em muitas comédias musicais de sucesso, entre as quais Tristezas não pagam dívidas (1944), de José Carlos Burle e J. Rui; Este mundo é um pandeiro (1947), Carnaval no fogo (1949) e Aviso aos navegantes (1950), todas de Watson Macedo; Barnabé, tu és meu (1952), de José Carlos Burle; e Matar ou correr (1954), de Eurides Ramos.
Em 1940 teve pela primeira vez uma composição gravada, Vou pra orgia (com Secundino), interpretada pelo parceiro. No mesmo ano fez parceria com Herivelto Martins no samba Praça Onze, que alcançou grande sucesso e venceu o concurso de Carnaval da prefeitura do Rio de Janeiro, em 1942. Lançada originalmente pelo Trio de Ouro, recebeu depois inúmeras gravações, no Brasil e no exterior. Com Herivelto Martins, compôs ainda, entre outras, Bom dia Avenida e Fala, Claudionor.
Nas décadas de 1940 e 1950, foi, ao lado de Oscarito, um dos maiores nomes do teatro de revistas — na Companhia Walter Pinto — e de shows em boates, produzidos por Carlos Machado.
Em 1955 trabalhou no filme Rio 40 graus, de Nelson Pereira dos Santos, e, em 1969, recebeu o Prêmio Molière pela atuação no filme Macunaíma, de Joaquim Pedro de Andrade. Em 1973 desempenhou o papel de Sancho Pança na peça O Homem de la Mancha, direção de Flávio Rangel, ao lado de Bibi Ferreira e Paulo Autran.
Em 1989 participou das filmagens de A paz é dourada (direção de Noilton Nunes), filme inspirado na viagem de Euclides da Cunha à Amazônia, mas que ficou inabado. Em 1993 publicou o livro de versos Bom-dia, manhã (Topbooks, Rio de Janeiro), que recebeu prefácios de Antônio Olinto e Jorge Amado.
No mesmo ano faleceu de parada cardíaca ao desembarcar em Paris, onde fora a convite do governo francês para participar do Le Festival des Trois Continents, em Nantes, em que seria homenageado.
Como ator, deixou pronto o filme ainda inédito Histórias dos anos 80, dirigido por Roberto Moura. Deixou também projeto de outro filme, Elite Club, sobre as gafieiras cariocas na década de 1930.
Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e PubliFolha.
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