Agente ferroviário apaixonado pelo teatro, Félix Bueno Martins empenhava a maior parte de seu ganho, para manter as atividades ligadas às artes, e a paixão contaminou, desde cedo, seu filho Herivelto, irmão de Hedelacy, Hedenir e Holdira, os quatro filhos que tivera com a mulher, Carlota de Oliveira. Aos cinco anos, Herivelto morava com a família, em Barra do Piraí, onde o pai fundou a Sociedade Dramática Dançante Carnavalesca Florescente de Barra do Piraí, misto de clube e teatro. E lá se ia quase todo o dinheiro do salário, obrigando D. Carlota a costurar para fora e a fazer doces. Não ficou nisso, o Seu Félix. Organizou as Pastorinhas de Barra do Piraí, com as quais Herivelto saía no Natal, de Papai Noel.
Tais gastos o levaram a hipotecar a casa, que acabou perdida, forçando-os a se mudarem para a periferia da cidade. Ali, Herivelto começa a aprender violão e cavaquinho e compõe seu primeiro samba, Nunca Mais.
Em 1930, Seu Félix foi transferido para São Paulo, Herivelto não se adapta e vai tentar a vida no Rio de Janeiro. Hospeda-se em um quartinho com o irmão Hedelacy, que era barbeiro. Ali, acabaram morando oito rapazes. Segundo Herivelto, "só melhorou com a Revolução de 32: morreram quatro".
Conheceu o compositor Príncipe Pretinho, que o levaria até o cantor J. B. de Carvalho. Tudo começaria aí. J. B. de Carvalho gravou seu samba Da Cor do Meu Violão e Herivelto passou a fazer parte do coro do Conjunto Tupi. Tornou-se amigo de Francisco Sena e, um dia, ao fazerem um dueto, foram ouvidos por Vicente Marzullo, empresário, que se impressionou com o improviso da dupla. Na primeira oportunidade apresentou os dois para cantar nos intervalos do cinema Odeon. Marzullo inventou o : "É a dupla do preto e do branco". Herivelto compôs o samba Preto e Branco, sucesso imediato.
A Odeon gravou em 1934, mas o êxito acabaria no ano seguinte com a morte de Sena. Sozinho, Herivelto Martins foi trabalhar no Cine Pátria, onde conheceu a cantora Dalva de Oliveira. Depois de cantarem juntos, namorarem, passaram a morar juntos. Encontra Nilo Chagas e forma a segunda dupla Preto e Branco. Dalva começa a se apresentar com os dois e grava um disco com o título de Dalva de Oliveira e a Dupla Preto e Branco. César Ladeira leva-os para seu programa na Rádio Mayrink Veiga: "Com vocês o conjunto vocal Dalva de Oliveira e a dupla Preto e Branco. Um trio de ouro". Estava batizado um dos mais famosos trios vocais da MPB. Nasce Peri, o primeiro filho, em 1937. Dois anos depois, Herivelto e Dalva de Oliveira casam-se e nasce Ubiratan. O êxito se transfere para o Cassino da Urca, onde o trio fica até o fechamento do jogo, em 1946.
Como compositor, Herivelto marca presença com sucessos como Praça Onze, Ave Maria do morro, Odete, Ela, Caminhemos e outras tantas.
No final dos anos 50, Nilo Chagas foge na Venezuela com uma vedete e o Trio de Ouro acaba lá. Herivelto e Dalva entram em processo de separação, o que rende uma série de músicas, um combate de sucessos de parte a parte. Herivelto reorganiza o Trio de Ouro por duas vezes, com Noemi Cavalcanti e Nilo Chagas, que tinha reaparecido, e depois com Lurdinha Bittencourt e Raul Sampaio, dissolvendo-se em 1957. Daí para a frente, Herivelto prefere afastar-se da vida artística.
Presidente do Sindicato dos Compositores do Rio, em 1971, trabalha com direitos autorais por muitos anos vindo a falecer em 17 de setembro de 1992.
Algumas músicas
Veja também:
Fonte: História do Samba - Editora Globo.
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