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quinta-feira, 4 de maio de 2006

Brasileirinho

Waldir Azevedo
Primeira composição de Waldir Azevedo - a maior expressão brasileira do cavaquinho, instrumento limitadíssimo, mas do qual conseguia extrair um som extraordinário -, "Brasileirinho" aconteceu por sugestão de um sobrinho seu, menino de dez anos: brincando com um cavaquinho que só tinha uma corda, o garoto pediu-lhe que fizesse uma música que pudesse tocar, nascendo daí, em 1947, a primeira parte do choro.

Contratado pela Continental, Waldir estreou com "Brasileirinho", que rapidamente alcançou um grande sucesso, sendo escolhido para fundo musical da propaganda de diversos candidatos em campanha eleitoral na ocasião. Esta composição que lhe rendeu o suficiente para comprar um apartamento à vista, abriu-lhe as portas para a sua carreira, tornando-se peça obrigatória em seus shows.

Na esteira do sucesso, Ademilde Fonseca gravou-o em 1950, com letra de Pereira Costa, acompanhada pelo próprio Waldir. Daí em diante, "Brasileirinho" seria gravado por dezenas de artistas, no Brasil e no exterior, podendo-se dizer que um espetáculo de choro não estará completo sem esta composição, de preferência no final.

Brasileirinho (choro, 1949) - Waldir Azevedo e Pereira da Costa - Intérprete: Ademilde Fonseca

Disco 78 rpm / Título da música: Brasileirinho / Pereira Costa (Compositor) / Waldir Azevedo (Compositor) / Ademilde Fonseca (Intérprete) / aldir Azevedo e Seu Conjunto com Abel [Clarinete] (Acomp.) / Gravadora: Continental / Gravação: 1950 / Lançamento: 07/1950 / Nº do Álbum: 16256 / Nº da Matriz: 2315 / Gênero musical: Choro / Coleção de origem: Nirez


A                                      D7/9
O brasileiro quando é de choro é entusiasmado
                                A
Quando cai no samba, não fica abafado
           E                      A
E é um desacato quando chega no salão
             E                                    A
Não há quem possa resistir quando o chorinho brasileiro 
faz sentir
                  E       
Ainda mais de cavaquinho com um pandeiro
                    A
E o violão na marcação
       Am                                                 Dm
Brasileirinho chegou a todos encantou fez todo mundo a dançar
                                           E
A noite inteira, no terreiro, até o sol raiar
                                               Am
Quando o baile terminou a turma não se conformou
 G#m    Gm F#m     Fm Em B7
Brasileirinho      abafou
       E                                           Am
Até o velho que já estava encostado nesse dia se acabou
              Am               
Pra falar a verdade estava conversando com alguém
        Dm                                               E
de respeito,  e ao ouvir, o grande choro, eu meti os peitos
                            A7
Deixei o camarada falando sozinho, 
       Dm                      Am
    cantei, pulei, dancei, brinquei
                                  B7
Até me acabei e nunca mais esquecerei 
              E              A
      o tal chorinho brasileirinho


Fontes: Instituto Moreira Salles - Acervo musical; A Canção no Tempo - Volume 1 - Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello - Editora 34.

segunda-feira, 10 de abril de 2006

Ademilde Fonseca


Ademilde Fonseca (Ademilde Fonseca Delfim), cantora nasceu em Macaíba RN em 4/3/1921. Criada em Natal RN, para onde a família se mudou quando tinha quatro anos, ainda muito jovem ligou-se a um dos conjuntos de seresteiros locais, do qual participava Naldimar Gedeão Delfim, com quem casou mais tarde.


Em 1941, já casada, transferiu-se para o Rio de Janeiro RJ e no ano seguinte, depois de um teste na Rádio Clube do Brasil, apresentou-se no programa de calouros Papel Carbono, de Renato Murce.

Ainda em 1942, cantando com o Regional de Benedito Lacerda numa festa, obteve enorme sucesso interpretando Tico-tico no fubá (Zequinha de Abreu). Desde menina conhecia a letra do famoso choro, escrita por Eurico Barreiros em 1931 e ainda inédita em gravações. Levada por Benedito Lacerda aos estúdios da Columbia, sob a direção musical de João de Barro, estreou gravando Tico-tico no fubá e Voltei pro morro (Benedito Lacerda e Darci de Oliveira), disco lançado em julho de 1942, com grande êxito.

A partir de 1943, com Apanhei-te cavaquinho (Ernesto Nazareth, com letra de João de Barro) e Urubu malandro (choro adaptado por Lourival de Carvalho), tornou-se conhecida como cantora, sendo procurada por diversos compositores.

Em 1944, levada por Deo, integrou o elenco da Rádio Tupi, do Rio de Janeiro, apresentando-se com os regionais de Rogério Guimarães e Claudionor Cruz. No ano seguinte, sua interpretação da polca Rato, rato (Claudino da Costa e Casimiro Rocha), gravada em ritmo de choro, consagrou-a como a maior intérprete do choro cantado. Nessa gravação, pela primeira vez, não foi acompanhada por Benedito Lacerda, mas pelo conjunto Bossa Clube, liderado pelo violonista Garoto.

Em fins da década de 1940, com a moda do samba-canção e do baião, o prestígio da cantora diminuiu. Em junho de 1950 retornou às paradas de sucesso com as gravações de Brasileirinho (Waldir Azevedo e Pereira da Costa) e Teco-teco (Pereira da Costa e Milton Vilela), nas quais foi acompanhada pelo regional de Waldir Azevedo.

No ano de 1952, foi a Paris, França, com a Orquestra Tabajara de Severino Araújo, apresentando-se com outros artistas em um espetáculo organizado por Assis Chateaubriand. De 1950 a 1955, gravou vários sucessos na Todamérica. Na Rádio Nacional, a partir de 1954, atuou com os regionais de Canhoto, Jacó do Bandolim e Pixinguinha, entre outros, além das orquestras de Radamés Gnattali e do maestro Chiquinho.

Em 1964, ao lado do cantor Jamelão, excursionou por Espanha e Portugal, exibindo-se durante seis meses em Lisboa. No Brasil em 1967, participou do I FIC, da TV Globo, do Rio de Janeiro, interpretando Fala baixinho, de Pixinguinha, com letra de Hermínio Belo de Carvalho. Na década de 1970, suas apresentações no Teatro Opinião, no Rio de Janeiro, tiveram grande repercussão, levando ao relançamento da cantora em LP da Top Tape, em 1975.


Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha, SP, 1998.

quarta-feira, 22 de março de 2006

Rato, rato

Para combater a peste bubônica que se alastrava pelo Rio de Janeiro em 1903, o diretor da Saúde Pública, Osvaldo Cruz, determinou uma desratização da cidade. Dentro dos limitados recursos que dispunha, organizou uma brigada de exterminadores, dando a cada um de seus integrantes a tarefa de apresentar o mínimo de cinco ratos mortos por dia. O que excedia a esse número era gratificado à razão de 300 réis por cabeça...

E lá saíam eles pelas ruas, carregando grandes latas e apregoando a compra de ratos: "rato! rato!" Tal pregão motivou Casimiro da Rocha, pistonista da Banda do Corpo de Bombeiros, a compor a polca "Rato Rato", sucesso que depois ganhou letra de Claudino Costa "Rato, rato, rato / Por que motivo tu roeste meu baú?" Em tempo: a guerra aos ratos deu certo. Em 4 de abril de 1904, foi anunciado oficialmente o fim da peste.

Rato, rato (polca, 1904) - Casimiro da Rocha e Claudino Costa - Interpretação: Ademilde Fonseca

Disco 78 rpm / Título da música: Rato Rato / Casemiro da Rocha (Compositor) / Ademilde Fonseca (Intérprete) / Bossa Clube (Acomp.) / Gravadora: Continental / Nº do Álbum: 15469-a / Nº da Matriz: 1294-2 / Gravação: 16/Outubro/1945 / Lançamento: Novembro/1945 / Gênero musical: Choro / Coleção de Origem: IMS, Nirez



A------- A6---- A-------------- A#º----- E7/B------- E7
Rato, rato, rato / Porque motivo tu roeste meu baú?
E7(9)---- E7---- E7(9) -----------------------A
Rato, rato, rato / Audacioso e malfazejo gabiru.
A6------------ A---- F#7---------- Bm------------- D7/F#
Rato, rato, rato / Eu hei de ver ainda o teu dia final
-------- A/E-------- F#7 ------B7-------- E7-------- A
A ratoeira te persiga e consiga, / Satisfazer meu ideal.
A------------------------------ A#º----------- E7/B--------- E7
Quem te inventou? / Foi o diabo, não foi outro, podes crer
E7(9)--------------------------------------------- A
Quem te gerou? / Foi uma sogra pouco antes de morrer!
------------------F#7 ----------------------Bm
Quem te criou?/ Foi a vingança, penso eu
D/F#----- A/E ---F#7 ----B7--- E7---- A -----A7
Rato, rato, rato, rato / Emissário do judeu
--------D------------------------------------------------------- D#º
Quando a ratoeira te pegar, / Monstro covarde, não me venhas
----------E7
A gritar, por favor.
--A7 ----------------------------------------------------D
Rato velho, descarado, roedor/ Rato velho, como tu faz horror!
------------G#º ------------D/A ----------B7 ---------E7
Vou provar-te que sou mau / Meu tostão é garantido
-----------A7------------ D
Não te solto nem a pau.

terça-feira, 21 de março de 2006

Apanhei-te cavaquinho

Ernesto Nazareth

A polca "Apanhei-te Cavaquinho" é a segunda composição mais gravada de Ernesto Nazareth, perdendo apenas para "Odeon". De andamento rápido (o autor recomendava semínima = 100 para as polcas e semínima = 80 para os tangos) é muitas vezes executada em velocidade vertiginosa por músicos exibicionistas, que presumem assim mostrar habilidade virtuosística.

Composta em 1915 e gravada no mesmo ano pelo grupo O Passos no Choro, "Apanhei-Te Cavaquinho" foi dedicada a Mário Cavaquinho (Mário Álvares da Conceição), um exímio cavaquinista, amigo de Nazareth (segundo Ary Vasconcelos, ele inventou o cavaquinho de cinco cordas e a bandurra de 14 cordas).

Em 1930 o autor gravou esta composição em disco de grande valor documental, que passou a servir de referência para novas execuções. Já classificado como choro, ganhou letra de Darci de Oliveira, em 1943, para ser gravado por Ademilde Fonseca:

Disco 78 rpm / Título da música: Apanhei-te Cavaquinho / Ernesto Nazareth (Compositor) / Darci de Oliveira (Compositor) / Ademilde Fonseca (Intérprete) / Benedito Lacerda (Acomp.) / Benedito Lacerda e Seu Conjunto (Acomp.) / Gravadora: Columbia / Nº do Álbum: 55432-a / Nº da Matriz: 630-2-M / Gravação: 20/Abril/1943 / Lançamento: Maio/1943 / Gênero musical: Choro / Coleção de Origem: Nirez, Humberto Franceschi


Ainda me lembro, / Do meu tempo de criança, / Quando entrava numa dança, / Toda cheia de esperança, / De chinelinho e de trança, / Com Mané e o Zé da França, / Nunca tive na lembrança, / De rever esse chorinho.

E hoje ouvindo, / Neste choro a voz do pinho, / Relembrando o bom tempinho, / Da mamãe e do maninho, / Hoje sou ave sem ninho, / Sem família, sem carinho, / Mas sou bem feliz ouvindo, / O "Apanhei-te Cavaquinho"!

Hoje cantando o "Apanhei-te Cavaquinho", / Fico louca, fico quente, / Fico como um passarinho, / Sinto vontade de cantar a vida inteira, / Esta vida, eu levo de qualquer maneira, / Ouvindo a flauta, o cavaquinho e o violão, / Eu sinto que o meu coração, / Tem a cadência de um pandeiro, / Esqueço tudo e vou cantando com jeitinho, / Este chorinho, / Que é muito Brasileiro !

Hoje cantando o "Apanhei-te Cavaquinho", / Fico louca, fico quente, /Fico como um passarinho, / Sinto vontade de cantar a vida inteira, / Esta vida, eu levo de qualquer maneira, / Ouvindo a flauta, o cavaquinho e o violão, / Eu sinto que o meu coração, / Tem a cadência de um pandeiro, / Esqueço tudo e vou cantando com jeitinho, / Este chorinho, / Que é muito Brasileiro !...


Fonte: A Canção no Tempo - Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello - Editora 34.