quinta-feira, 11 de maio de 2006

Foi a noite

Tom Jobim
De produção anterior à grande fase da parceria com Vinícius de Moraes, "Foi a Noite" é uma das mais conhecidas composições do início da carreira de Tom Jobim. Sylvia Telles, sua lançadora - na época também uma iniciante - seria tempos depois a única profissional a tomar parte no primeiro espetáculo de bossa nova, realizado por vários amadores no Grupo Universitário Hebraico do Brasil no bairro carioca do Flamengo.

Originalmente editada em 78 rpm, a gravação de Sylvinha, acompanhada pela orquestra de Jobim, foi em 1957 incluída no primeiro elepê da cantora, intitulado Carícia. Num arranjo de Tom, para orquestra de cordas, trompa e uma sessão de palhetas, sob a regência de Leo Peracchi, tanto a melodia como a interpretação de Sylvia Telles provocaram uma impressão tão forte, que o então novo diretor artístico da Odeon, Aloysio de Oliveira, hesitou em rotulá-la como samba-canção.

Ele próprio declarou (em texto publicado num folheto que acompanha a coleção de discos "Bossa Nova, sua História, sua Gente" da Philips): "A gravação havia sido preparada pela direção anterior.(...) Entrei no estúdio ignorando a música, o arranjo e a intérprete.(...) O impacto que tive é até hoje indescritível. A construção melódica era uma coisa inteiramente nova dentro dos padrões brasileiros. O arranjo simples, impecável, fornecia uma seqüência harmônica que enaltecia a melodia de um modo incomum. A interpretação era genial. Sylvia Telles conseguia com sua voz rouca e suave penetrar dentro da gente e mexer com todas as nossas emoções. Bem, eu estava definitivamente diante de uma coisa que não esperava encontrar. Era a bossa nova na sua maior expressão".

Realmente, há até alguns entusiastas desta gravação que a consideram o marco inaugural da bossa nova. Não o era, porém: faltava a cota de participação de João Gilberto. Nos anos seguintes, "Foi a Noite" teria sucessivas gravações (Cauby Peixoto, Helena de Lima, Almir Ribeiro, Tito Madi, Agostinho dos Santos e Carlos José), permanecendo como símbolo daquela era de reformulação de nossa música popular.

Foi a noite (samba-canção, 1956) - Tom Jobim e Newton Mendonça - Interpretação: Sylvia Telles


A7+     Bm7    E7                 A7+  Gb7
Foi a noite . . . . . foi o mar, eu sei
      Bm7     E7                   A7+
Foi a lua, . . . . . que me fez pensar

      Abm7    Db7        Gbm7
Que você me queria outra vez
      Bm7      E5 /9-    Dbm7  Gb7
E que ainda gostava de mim

      Bm7    E7                 A7+  Gb7
De ilusão, . . . . . eu vivi talvez
     Bm7             Em     A7
Foi amor, por você, bem sei

     D7+                Dm7
A saudade aumenta com a distância
        Dbm7              Gbm7
E a ilusão é feita de esperança
      Bm7               E5 /9-
Foi a noite, foi o mar, eu sei
      A7+
Foi você . . . . .

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