Segundo sua irmã Helena, Tom Jobim compôs o tema “Zíngaro”, inspirado em um violinista cigano, que “na verdade era ele próprio, radicado naquele estranho mundo (os Estados Unidos) e sentindo saudade de seu país”.
Em 1965, a composição foi incluída no elepê A certain Mr. Jobim, gravado numa igreja transformada em estúdio, em Manhattan com a participação de um de seus arranjadores favoritos, o alemão Claus Ogerman.
O título “Retrato em Branco e Preto” surgiu depois, com a letra dramática de Chico Buarque, que trata de um amor desesperado (“Lá vou eu de novo como um tolo / procurar o desconsolo / que cansei de conhecer / novos dias tristes / noites claras / versos, cartas, minha cara / ainda volto a lhe escrever”).
Mais uma vez, Tom Jobim oferece uma lição de economia e inteligência. Os três primeiros compassos, criados sobre uma melodia de quatro notas vizinhas ré, dó sustenido, mi e dó natural — são idênticos, mas, com harmonizações diferentes. O intervalo inicial da canção, uma segunda menor, vai sendo ampliado e explorado de várias maneiras à medida que a melodia avança, aumentando a tensão, a dramaticidade, o que é muito bem aproveitado no poema do Chico.
Ritmicamente dos dezesseis compassos de “Retrato em Branco e Preto”, treze são absolutamente iguais, formados por oito colcheias. Tais observações podem primeira vista, levar à conclusão de que a canção é repetitiva e até pobre quando na realidade é exatamente o oposto, um tratado sobre o que possível fazer com um intervalo de duas notas. Tom Jobim sabia como ninguém partir de uma célula simples e enriquece-la ao máximo.
Em 1968, “Retrato em Branco e Preto” seria gravado pelo próprio Tom com o Quarteto 004. Esta foi a primeira de uma série de interpretações emocionantes como as de Chico Buarque, Elis e Tom, João Gilberto (em três registros diferentes) e a do trompetista Chet Baker, que em gravação filmada para o documentário “Let’s Get Lost”, feita pouco antes de sua morte, realizou num improviso comovente um autêntico hino de amor a Jobim (A Canção no Tempo – Vol. 2 – Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello – Editora 34).
Retrato em Branco e Preto (1968) - Chico Buarque e Tom Jobim
LP Chico Buarque de Hollanda Vol. 3 / Título da música: Retrato Em Branco E Preto / Tom Jobim (Compositor) / Chico Buarque (Compositor) / Chico Buarque (Intérprete) / Gravadora: RGE / Ano: 1968 / Nº Álbum: XRLP 5320 / Lado A / Faixa 2 / Gênero musical: Bossa Nova / Samba / MPB.
Em 1965, a composição foi incluída no elepê A certain Mr. Jobim, gravado numa igreja transformada em estúdio, em Manhattan com a participação de um de seus arranjadores favoritos, o alemão Claus Ogerman.
O título “Retrato em Branco e Preto” surgiu depois, com a letra dramática de Chico Buarque, que trata de um amor desesperado (“Lá vou eu de novo como um tolo / procurar o desconsolo / que cansei de conhecer / novos dias tristes / noites claras / versos, cartas, minha cara / ainda volto a lhe escrever”).
Mais uma vez, Tom Jobim oferece uma lição de economia e inteligência. Os três primeiros compassos, criados sobre uma melodia de quatro notas vizinhas ré, dó sustenido, mi e dó natural — são idênticos, mas, com harmonizações diferentes. O intervalo inicial da canção, uma segunda menor, vai sendo ampliado e explorado de várias maneiras à medida que a melodia avança, aumentando a tensão, a dramaticidade, o que é muito bem aproveitado no poema do Chico.
Chico e Tom - 1968 |
Em 1968, “Retrato em Branco e Preto” seria gravado pelo próprio Tom com o Quarteto 004. Esta foi a primeira de uma série de interpretações emocionantes como as de Chico Buarque, Elis e Tom, João Gilberto (em três registros diferentes) e a do trompetista Chet Baker, que em gravação filmada para o documentário “Let’s Get Lost”, feita pouco antes de sua morte, realizou num improviso comovente um autêntico hino de amor a Jobim (A Canção no Tempo – Vol. 2 – Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello – Editora 34).
Retrato em Branco e Preto (1968) - Chico Buarque e Tom Jobim
LP Chico Buarque de Hollanda Vol. 3 / Título da música: Retrato Em Branco E Preto / Tom Jobim (Compositor) / Chico Buarque (Compositor) / Chico Buarque (Intérprete) / Gravadora: RGE / Ano: 1968 / Nº Álbum: XRLP 5320 / Lado A / Faixa 2 / Gênero musical: Bossa Nova / Samba / MPB.
Gm D/F# Fm6 Já conheço os passos dessa estrada Sei que não vai dar em nada E7 Eb7M(#5) / Eb7M(6) / Seus segredos sei de cor Cm7 D7(b9) Bb7M Bb6 A7(13) Já conheço as pedras do caminho E sei também que ali sozinho A7(b13) D7M(9) Eu vou ficar, tanto pior Ab7(#11) Gm O que é que eu posso contra o encanto D/F# Fm6 Desse amor que eu nego tanto Evito tanto E que no entanto E7 Eb7M / / / Volta sempre a enfeitiçar Cm7 C#º Gm7/D Eb7M Cm(7M) Com seus mesmos tristes velhos fatos Que num álbum de retrato Cm7 Ebm7 D7 Gm / Am7(b5) D7 Eu teimo em colecionar Gm D/F# Fm6 Lá vou eu de novo como um tolo Procurar o desconsolo E7 Eb7M(#5) / Eb7M(6) / Que cansei de conhecer Cm7 D7(b9) Bb7M Bb6 A7(13) Novos dias tristes, noites claras Versos, cartas, minha cara A7(b13) D7M(9) Ainda volto a lhe escrever Ab7(#11) Gm Pra lhe dizer que isso é pecado D/F# Fm6 Eu trago o peito tão marcado De lembranças do passado E7 Eb7M / / / E você sabe a razão Cm7 C#º Gm7/D Eb7M Cm(7M) Vou colecionar mais um soneto Outro retrato em branco e preto Cm7 Ebm7 D7 Gm / G7(b13) / A maltratar meu coração Cm7 C#º Gm7/D Eb7M Cm(7M) Vou colecionar mais um soneto Outro retrato em branco e preto Cm7 Ebm7 D7 Gm / / / / A maltratar meu coração
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