Cynara e Cybele entre Tom Jobim e Chico Buarque. |
A princípio chamava-se “Gávea” e destinava-se ao repertório da soprano Maria Lúcia Godoy. Então seu autor, Tom Jobim, foi convidado a concorrer no III FIC e, só tendo aquela música inédita na ocasião, inscreveu-a, pedindo a Chico Buarque para fazer-lhe uma letra. Jobim, que detestava festivais, já rejeitara um convite do diretor Augusto Marzagão para atuar como jurado e, não querendo parecer grosseiro, sentia-se agora na obrigação de concorrer.
Sem maiores pretensões, é verdade, pois achava a composição — que passara a chamar-se “Sabiá”, depois da letra do Chico — serena demais para impressionar num festival. Em sua concepção, música de festival devia ser movimentada e barulhenta, para causar impacto. Por isso, apostou com Vinicius de Moraes uma caixa de uísque como não ganharia.
Mas, em sua serenidade, “Sabiá” era uma belíssima composição, valorizada pelo poema gonçalviano de Chico Buarque, que a tornou uma espécie de “Canção do Exílio” de nosso tempo: “Vou voltar / sei que ainda vou voltar / para o meu lugar / foi lá / e é ainda lá / que eu hei de ouvir cantar / uma sabiá...” Nada disso, entretanto, comoveu o público do Maracanãzinho que, empolgado pela panfletária “Caminhando”, explodiu na mais furiosa vaia já dirigida a um grande artista brasileiro, quando o resultado foi anunciado. E para azar de Tom Jobim, ele a recebeu sozinho, pois naquela noite Chico Buarque se encontrava a milhares de quilômetros em Veneza. Uma semana depois, atendendo a um apelo angustiado do parceiro, Chico estaria ao seu lado para assistir a uma nova vitória de “Sabiá”, desta vez sem vaia, na fase internacional da competição. E Tom Jobim teve mesmo que pagar a aposta a Vinícius: uma caixa de Johnnie Walker Black Label (A Canção no Tempo – Vol. 2 – Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello – Editora 34).
Sabiá (1968) - Chico Buarque e Tom Jobim - Interpretação: Cynara e Cybele
Intro: C G7
C Ebo Dm7 G7 C Ebo Dm7
Vou voltar sei que ainda vou voltar
E7 Am Am7+ Gm7 C7 F7+ Dm7
Para o meu lugar foi lá é ainda lá
E7 Am Am/G Am/F#
Que eu hei de ouvir can .... tar
F7+ Am Am/G Am F# F7+ C
Uma sabiá can . . . tar uma sabiá
C Ebo Dm7 G7 Eb F#o Fm7
Vou voltar sei que ainda vou voltar
Bb7 Ebm Ebm7/C# Cm7/11
Vou deitar à sombra de uma palmeira
F7 Bbm F#7+
Que já não há
Bbm Eb7/9 Abm7 E7
Colher a flor que já não há
Abm7 C#7 Do Ebm Ebm7+
E algum amor talvez possa espantar
C#m7/11 Ab5+ Bb7/12 Am7/11
As noites que eu não queri . . . a
Ab7/12 A7 D7/9 G7 F/G G7/9/13
Me anun . . . ci . . . ar o dia
C Ebo Dm7 G7 Eb Ebo Fm7
Vou voltar sei que ainda vou voltar
Bb7 Eb Eb7 Ab7M
Não vai ser em vão que fiz tantos planos
Cm Fm7
De me enganar como fiz enganos de me
Cm
encontrar
Cm7/Bb Ab7+ C#7+ Cm
Como fiz estradas de me perder
Cm7/Bb Ab7+ C#7+ Cm
Fiz de tudo e nada de te esquecer
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