quinta-feira, 18 de maio de 2006

Vem quente que eu estou fervendo

Eduardo Araújo
Cantor e compositor, o mineiro Eduardo Araújo é também fazendeiro e criador de gado, como o pai e o irmão Lívio, na cidade de Joaíma (MG). Uma ocasião, ao discutir um impasse numa transação de gado, Lívio, que é muito espirituoso, disse para o comprador: “Para a gente fechar o negócio vou tirar umas tantas cabeças e fazer o preço. Se a proposta lhe convier, pode vir quente que eu estou fervendo.” Imediatamente, Eduardo sentiu que a frase dava música e começou a compor o refrão, deixando a segunda parte para o parceiro Carlos Imperial.

Um letrista razoável, atento aos modismos e com o faro do sucesso, mas, sobretudo, figura de grande importância no processo de Popularização do rock no Brasil — participou de uma infinidade de programas de rádio e televisão e ajudou na iniciação profissional de vários artistas, inclusive Roberto Carlos —, Imperial fez então uma letra rebelde e divertida: “Pode tirar seu time de campo / o meu coração é do tamanho de um trem / iguais a você eu apanhei mais de cem / (...) / mas se você quer brigar / e acha que com isso estou sofrendo / se enganou meu bem / pode vir quente que eu estou fervendo...”.

O “Rei do Rock de Minas”, Eduardo Araújo andava na época afastado das atividades artísticas, morando numa fazenda, depois de ter sido, no início dos anos sessenta, um assíduo convidado de programas das radiose tevês como “Alô Brotos” (Mayrink Veiga), “Hoje É Dia de Rock” (TV Rio) e “Os Brotos Comandam” (TV Continental). Mesmo assim, resolveu retornar para gravar na Odeon o seu primeiro elepê, O bom, que incluiu “Vem Quente que Eu Estou Fervendo”, com a harmonia da primeira parte passando para o modo maior, por sugestão do maestro Peruzzi, a fim de dar, segundo ele, maior peso ao arranjo da banda.

No entanto, foi a gravação de Erasmo Carlos, imediatamente posterior, com um grupo de rock e mantendo a harmonia original, que estourou nas paradas. Coincidindo com outros êxitos seus como “O Bom” (em que seu nome, por lapso, não constou como co-autor) e “Goiabão”, “Vem Quente” projetaria Eduardo entre os ídolos da juventude, sendo ele convidado para comandar, ao lado da cantora Silvinha, com quem se casou, o programa “O Bom”, transmitido aos sábados pela TV Excelsior, na mesma linha da “Jovem Guarda”, da Record.

Já Carlos Imperial, que morreu aos 57 anos, em 4.11.92, deixou além de “Vem Quente que Eu Estou Fervendo”, vários grandes sucessos como “A Praça”, “Mamãe Passou Açúcar em Mim”, “Nem Vem que Não Tem”, “O Carango” e o samba “Você – (A Canção no Tempo – Vol. 2 – Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello – Editora 34).

Vem quente que eu estou fervendo (1967) - Carlos Imperial e Eduardo Araújo - Interpretação: Erasmo Carlos

LP O Tremendão / Título da música: Vem quente que eu estou fervendo / Eduardo Araújo (Compositor) / Carlos Imperial (Compositor) / Erasmo Carlos (Intérprete) / Gravadora: RGE / Ano: 1967 / Álbum: XRLP 5306 / Lado B / Faixa 2 / Gênero musical: Rock.

                      F#m          A
                  se você quer brigar
                    D       C#7            F#m   A D C#7
                  e acha com isso estou sofrendo
                         F#m      A
                  se enganou meu bem
                             D             C#7    F#m   A D C#7
                  pode vir quente que eu estou fervendo
  REFRÃO                   F#m         A
                  mas se você quer brigar
                    D        C#7           F#m   A D C#7
                  e acha com isso estou sofrendo
                         F#m      A
                  se enganou meu bem
                             D             C#7    F#m
                  pode vir quente que eu estou fervendo
  B7
  pode tirar
  seu time de campo
  o meu coração é do tamanho de um trem
  iguais a você
  eu já ganhei mais de cem
             F#m7           D       C#7
  pode vir quente que eu estou fervendo
  REFRÃO

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