Dilermando Pinheiro nasceu em 28 de setembro de 1917 e passou sua vida no Morro do Pinto, situado no bairro carioca de São Cristóvão. Em 1930, foi pandeirista na Banda de Seu Basílio, da Polícia Militar (foto: Ciro Monteiro e Dilermando Pinheiro no show Telecoteco Opus nº 1).
Por influência de Luís Barbosa, que conheceu na Rádio Sociedade, passou a utilizar um chapéu de palha no acompanhamento de samba, que apelidou como "Stradivarius", e no qual batucou por aproximadamente 20 anos. Tentou a sorte no programa de calouros de Ary Barroso, apresentado na Rádio Cruzeiro do Sul, não obtendo sucesso nessa investida. Ao se afastar da vida artística, empregou-se como inspetor no Colégio Anglo-Americano.
Reiniciou sua carreira artística em 1936, na Rádio Guanabara, tendo ainda se apresentado nas Rádios Tupi e Nacional. Em 1939, formou dupla com o cantor Ciro Monteiro, intitulada "A Dupla Onze" (pela magreza dos dois), que se apresentava na Rádio Mayrink Veiga. Destacou-se com sua interpretação dos sambas Risoleta (Raul Marques e Moacir Bernardino) e Seu Libório (João de Barro e Alberto Ribeiro).
Em 1956, gravou seu primeiro LP, Sambas do passado, na Musidisc, onde entre outras composições gravou Emília (Wilson Batista e Haroldo Lobo) e Minha palhoça (J. Cascata).
Passou por um período de ostracismo, até que o jornalista Sérgio Cabral o convidou a participar junto com Cyro Monteiro do show Telecoteco Opus nº 1, lançado em disco com o mesmo nome. Reeditada, a dupla virou Dez (somente Dilermando permanecia magro). O disco se tornaria uma obra de referência entre as gravações de samba, ao começo dos anos 60. Em 1974, o LP foi reeditado pela Fontana. Recentemente, foi editado em CD. Outro relançamento de Dilermando em CD (pela série Odeon 100 Anos) é do disco Batuque na Palhinha, editado em 1977 por Marcus Pereira.
Conta Renato Vivacqua que Dilermando “... tocava também pandeiro e, ao conhecer Luiz Barbosa, resolveu adotar o palhinha e ser cantor. Foi gongado por Ary Barroso, passando a cantar em circos. Finalmente, conseguiu estrear em 1936. A partir das primeiras tentativas levou vinte anos para gravar o primeiro disco.
Biriteiro durante mais de trinta anos, renegou a cachaça, dizendo que ela hoje tem flit e criolina. Com verve explicava; ‘Sou igual a cobra de farmácia, conservado em álcool não incho’. A encheção de cara diária trouxe-lhe alguns contratempos como, certa tarde, na qual se apresentou para cantar na Rádio Nacional foi expulso, já que seu compromisso era na Rádio Tupi.
Recriou os maiores sucessos de Luiz Barbosa, como Risoleta, Lalá e Lelé; de Vassourinha, como Seu Libório, O trem atrasou (Patrão o trem atrasou / Por isso estou chegando agora).”
“Estourou no carnaval de 41 na voz de Roberto Silva, mas só permaneceu lembrado graças a Dilermando que regravou. Minha Palhoça, de J. Cascata, tornou-se marcante interpretada com seu molho inconfundível:
Se você quisesse
Morar na minha palhoça
Lá tem troça, se faz bossa
Fica lá na roça
À beira de um riachão.”
Morar na minha palhoça
Lá tem troça, se faz bossa
Fica lá na roça
À beira de um riachão.”
“Lulu de Madame foi outro sucesso:
Queria ser lulu de madame francesa
Pra passear de dia em uma cadilaque
Apreciando a maravilha da natureza
A vida assim é uma beleza.”
Pra passear de dia em uma cadilaque
Apreciando a maravilha da natureza
A vida assim é uma beleza.”
“Mesmo tendo gravado apreciável número de discos e ter sido junto com Moreira da Silva, um dos ases do samba de breque, nunca se consagrou numa criação. Foi na realidade uma espécie de termostato do sucesso alheio, mantendo em evidência músicas que provavelmente teriam êxito passageiro.”
Dilermando Pinheiro faleceu em 10 de maio de 1975, vitimado por ataque cardíaco, minutos antes de se apresentar no programa "Rio dá samba", da TV Rio, uma homenagem aos 20 anos de morte do compositor Geraldo Pereira.
Fontes: Dicionário Cravo Albim da Música Popular Brasileira (www.dicionariompb.com.br); Renato Vivacqua em: Música Popular Brasileira – História de Sua Gente, Cap. 9 (A Agonia do Chapéu de Palha)(www.renatovivacqua.com).
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