quinta-feira, 6 de abril de 2006

Moreira da Silva


Moreira da Silva, cantor e compositor, filho de pai músico que morreu quando ele tinha dois anos, foi obrigado a largar a escola para ajudar a mãe no sustento da casa. Carioca da Tijuca e criado no Morro do Salgueiro, teve uma infância e uma juventude muito pobres, passadas na própria Tijuca e nos subúrbios da Leopoldina.


Com 13 anos, já tinha feito todo tipo de trabalho, tendo sido empregado de fábrica de cigarros e tecelagens. Demitido de vários empregos, sempre se reunia com amigos em serenatas e encontros de samba no Morro da Babilônia. Descobriu sua vocação junto à nata da malandragem no bairro do Estácio dos anos 20. Aos 19 anos comprou um táxi e começou a trabalhar como motorista de praça.

Entrou para a Prefeitura e em 1926 passou para a Assistência Municipal como chofer de Ambulância. Durante um pequeno período foi chofer do secretário particular do prefeito Prado Junior. Trabalhou durante 12 anos como chofer da Prefeitura passando mais tarde a encarregado do núcleo e auxiliar de garagem, profissão que o segurou até aposentar-se.

Em 1931 a convite do compositor Getúlio Marinho, fez sua estreia no disco gravando dois pontos de umbanda, na Odeon, assinando-se "Antônio Moreira, O Mulatinho" intitulados Ererê e Rei de umbanda. Começou então a frequentar o meio do rádio e lutou muito para conseguir gravar o seu segundo disco na Odeon: Na mata virgem e Aruê de canga.

Em 1933 transferiu-se para a Columbia e ali gravou como Antônio Moreira da Silva as músicas Arrasta a sandália, Vejo lágrimas, É batucada e Tudo no penhor, conseguindo sucesso com Arrasta a sandália e É batucada.

Voltou a fazer sucesso, em 1935, com a gravação de Implorar (Kid Pepe, Germano Augusto e J. S. Gaspar) de grande repercussão no carnaval daquele ano. Notabilizou-se pelos sambas de breque que compôs e interpretou, tornando-se o maior nome neste gênero musical.

Consta ser o ano de 1937 a descoberta, durante uma apresentação no Teatro Meyer, no Rio, do samba de breque Jogo proibido (T. Silva, D. Silva e R. Cunha) considerado por alguns pesquisadores como o primeiro deste gênero embora esta afirmativa não seja comprovada pelos fatos. De qualquer maneira ele é considerado o criador do samba de breque e como tal teve inúmeros sucessos no gênero, como se poderá constatar pelo levantamento de sua obra completa.

Ainda este ano, levado por Duque ao Cassino Atlântico e no dia em que estreou, estavam presentes Sílvio Caldas e César Ladeira de quem recebeu um convite para cantar na Rádio Mayrink Veiga. César ofereceu-lhe o ordenado de 800 mil réis mensais. Ficou radiante mas não respondeu logo que sim. Tentou melhorar o ordenado dizendo a César: "César, que é que há ? 800 mil reis é pouco. Você sabe muito bem que eu sou o Tal..." César Ladeira subiu a oferta para um conto de réis e passou a apresentá-lo como Moreira da Silva, o Tal.

Em 1939 excursionou por Portugal, onde chegou a trabalhar no filme A varanda dos rouxinóis, dirigido por Leitão de Barros. Com a fama de malandro, passou a interpretar um personagem nos enredos de seus sambas de breque. O Kid Morengueira, presente no enorme sucesso O rei do gatilho (Miguel Gustavo), que originou uma série de sambas do mesmo autor, que ele gravou dentro do tema cinematográfico. O disco de maior sucesso dentro deste tema foi O rei do gatilho, de 1962.

Lançou vários discos ao longo de sua carreira e participou de outros vários. Dentre eles, destacaram-se Morengueira 64 (1964, Odeon), Conversa de botequim (1966, Odeon), Manchete do dia (1970, Odeon), entre outros. Em 1976 gravou as faixas Acertei no milhar e Dinheiro não é semente no LP "O dinheiro na música popular brasileira". Em 1979 foi convidado por Chico Buarque, participou das gravações do LP "Ópera do malandro". Em 1980, no Projeto Pixinguinha, excursionou por todo o Brasil.

Desde os anos 80, era sempre lembrado no dia de seu aniversário, 1º de abril, conhecido como o Dia da Mentira. Nesta data, costumava desfilar de carro na Rua da Carioca, no Centro do Rio de Janeiro, vestido de terno branco e chapéu-panamá, encarnando o estereótipo do "malandro". Fora sua atuação como cantor, ficou famoso por seu temperamento irreverente, com resposta para tudo na ponta da língua.

Em 1995 apresentou-se com grande sucesso no Teatro João Caetano, no Projeto Seis e meia e, no ano seguinte, seus 94 anos de idade foram comemorados na Boite Ritmo, em São Conrado, Rio de Janeiro, com participação especial de vários artistas. Lançou seu último CD, Três malandros in Concert, em parceria com Bezerra da Silva e Dicró, uma sátira ao disco Três tenores in Concert , de Plácido Domingo, José Carreras e Luciano Pavarotti. Em 1996 vira tema de livro com o lançamento de Moreira da Silva - O último dos malandros, de Alexandre Augusto.

Em 1998 participou do CD comemorativo "Brasil são outros 500", gravando as faixas Amigo urso e Resposta ao amigo, cantando em duo com Gabriel O Pensador.

Morreu em 2000, quando foi homenageado com um show beneficente no Canecão que reuniu diversos artistas como Paulinho da Viola, Beth Carvalho, Sandra de Sá, Elza Soares, Carmen Costa, Emilinha Borba, Jads Macalé e Billy Blanco. Faleceu em 6 de junho de 2000, no Rio de Janeiro, de falência múltipla dos órgãos.

Algumas músicas





































Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha.

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