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domingo, 16 de outubro de 2022

Dama, valete e rei

O Trio de Ouro em 1950 com Herivelto (na direita), Nilo Chagas e a cantora Noemi Cavalcanti.

Dama, valete e rei (samba, 1950) - Bide e Sebastião Gomes - Intérpretes: Nelson Gonçalves e Trio de Ouro

Disco 78 rpm / Título da música: Dama valete e rei / Alcebíades Barcelos (Bide) (Compositor) / Sebastião Gomes (Compositor) / Nelson Gonçalves (Intérprete) / Trio de Ouro (Intérprete) / Gravadora: RCA Victor / Número do Álbum: 800727 / Data de Gravação: 19/10/1950 / Data de lançamento: Novembro/1950 / Lado B / Gênero musical: Samba / Carnaval.



Tu és a dama, eu sou valete
Mas há o rei que põe
O nosso viver pra trás
Sei que me tens amizade
Mas por infelicidade
Eu não posso fazer
O que o rei faz

Tu és a dama, eu sou valete
Mas há o rei que põe
O nosso viver pra trás
Sei que me tens amizade
Mas por infelicidade
Eu não posso fazer
O que o rei faz

Eu tenho vontade
Mas estou pra trás
Pois sou um valete
Só valete, nada mais
E quem tem o reinado
Que me deixe em paz
Eu não posso fazer
O que o rei faz

Tu és a dama, eu sou valete
Mas há o rei que põe
O nosso viver pra trás
Sei que me tens amizade
Mas por infelicidade
Eu não posso fazer
O que o rei faz

Eu tenho vontade
Mas estou pra trás
Pois sou um valete
Só valete, nada mais
E quem tem o reinado
Que me deixe em paz
Eu não posso fazer
O que o rei faz

sábado, 15 de outubro de 2022

Brinquei com o amor

Nelson Gonçalves

Brinquei com o amor (samba, 1953) - Bide e Sebastião Gomes - Intérprete: Nelson Gonçalves

Disco 78 rpm / Título da música: Brinquei com o amor / Alcebíades Barcelos (Bide) (Compositor) / Sebastião Gomes (Compositor) / Nelson Gonçalves (Intérprete) / Gravadora: RCA Victor / Número do Álbum: 801182 / Gravação 00/1953 / Lançamento 00/1953 / Lado B / Gênero musical: Samba.



Zombei das mulheres / Brinquei com o amor
Longe de pensar / Que ainda ia ser um sofredor
Um dia amei, / me apaixonei
Apaixonado estou / Só por castigo
Por certo alguém / Que hoje não vive comigo

Mas o que eu hoje padeço
E juro por Deus que mereço
Porque fui muito ruim
Eu já zombei das mulheres
Hoje elas zombam de mim...

Já fiz mulheres chorar
E por mim sofrer horrores
Nelas não acredita
Zombava de seus amores
Hoje em dia estou pagando
Tudo que fiz de ruim
Zombei tanto das mulheres
Que hoje elas zombam de mim...

Alma que chora

Alcebíades Barcelos e Armando Marçal - 1939

Alma que chora (samba, 1945) - Bide e Armando Marçal - Intérprete: Nelson Gonçalves

Disco 78 rpm / Título da música: Alma que chora / Armando Marçal (Compositor) / Alcebíades Barcelos (Bide) (Compositor) / Nelson Gonçalves (Intérprete) / Gravadora RCA Victor / Número do Álbum: 800311 / Data de Gravação: 00/1945 / Data de Lançamento: 00/1945 / Lado: A / Gênero musical: Samba


Deponho a teus pés / Minha alma que chora
Que vive em desalento / Imersa em dor
Não ouves os queixumes / De quem te adora
Não ouves o soluçar / De um coração sofredor

Deponho a teus pés / Minha alma que chora
Que vive em desalento / Imersa em dor
Não ouves os queixumes / De quem te adora
Não ouves o soluçar / De um coração sofredor

Eu trago sempre comigo / A dor que me devora
Sinto findar a existência / De hora em hora
Tristeza mora comigo / Eu não tenho alegria
Meu viver não é viver / É um rosário de agonia

Eu trago sempre comigo / A dor que me devora
Sinto findar a existência / De hora em hora
Tristeza mora comigo / Eu não tenho alegria
Meu viver não é viver / É um rosário de agonia

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Violão amigo

"Violão amigo" foi gravado por Gilberto Alves em 1942 e a abertura melódica do samba parece evocada no manifesto da bossa "Desafinado".

Violão amigo (samba, 1942) - Alcebíades Barcelos e Armando Marçal - Intérprete: Gilberto Alves

Disco 78 rpm / Título da música: Violão amigo / Armando Marçal (Compositor) / Bide, 1902-1975 (Compositor) / Gilberto Alves (Intérprete) / Gravadora: Odeon / Gravação: 14/07/1942 / Lançamento: 09/1942 / Nº do Álbum: 12189 / Nº da Matriz: 7016 / Gênero musical: Samba


Violão amigo ouve os meus ais
Ouve os meus segredos
Não suporto mais

Talvez tu compreendas meu sentir
Quero exprimir nesse samba
Tudo que sofri

Quem de mim sorriu
Por certo há de chorar
Quando ouvir alguém cantar

Poeta eu fui
Embora sem querer
Cantei em versos o meu sofrer

Violão amigo
Eu canto por consolação
Trago esta mágoa sentida
No meu coração, violão



Fontes: Discografia Brasileira - IMS; Instituto Moreira Salles.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Prece à lua

Gilberto Alves
Prece à lua (valsa, 1945) - Alcebíades Barcelos e Armando Marçal - Intérprete: Gilberto Alves

Disco 78 rpm / Título da música: Prece à lua / Armando Marçal (Compositor) / Bide, 1902-1975 (Compositor) / Gilberto Alves (Intérprete) / Abel e Sua Orquestra (Acomp.) / Gravadora: Odeon / Gravação: 17/01/1945 / Lançamento: 03/1945 / Nº do Álbum: 12561 / Nº da Matriz: 7755 / Gênero musical: Valsa / Coleções de origem: IMS, Nirez


Lua, deusa da natura
Ouve a minha prece
Protetora dos amantes
Porque me esqueces

Fixo a imensidão
E a tua luz comparo à ela
Vejo o brilho das estrelas
Lembro os olhos dela


Eu quis tornar realidade
Os sonhos e quimera
Transformar o inverno infindo
Em linda primavera

A flor da minha ilusão
Murchou após o florescer
Deixando somente amargor
Em volta em meu viver



Fontes: Discografia Brasileira - IMS; Instituto Moreira Salles.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Não diga a minha residência

Carlos Galhardo
Não diga a minha residência (samba, 1945) - Bide e Armando Marçal - Intérprete: Carlos Galhardo

Disco 78 rpm / Título da música: Não diga a minha residência / Armando Marçal (Compositor) / Bide, 1902-1975 (Compositor) / Carlos Galhardo, 1913-1985 (Intérprete) / Regional (Acompanhante) / Gravadora: Victor / Gravação: 30/08/1944 / Lançamento: 11/1944 / Nº do Álbum: 800226 / Nº da Matriz: S-078046-1 / Gênero musical: Samba


Pelo amor de Deus
Não diga a ela minha residência
Eu quero até
Que ela ignore a minha existência
Se você é amigo meu
Não diga onde eu moro
Pelo amor de Deus.


Faça o favor, se a encontrar
Meu endereço, não revelar
Ela tem prazer em ver
Os sofrimentos meus
Não diga onde eu moro
Pelo amor de Deus...



Fontes: Discografia Brasileira - IMS; Instituto Moreira Salles.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

A malandragem

Bide
A malandragem (samba/carnaval, 1928) - Alcebíades Barcelos e Francisco Alves - Intérprete: Francisco Alves

Disco 78 rpm / Título da música: A malandragem / Alcebíades Barcelos "Bide" (Compositor) / Francisco Alves (Intérprete) / Orquestra Pan American do Cassino Copacabana (Acomp.) / Gravadora: Odeon / Nº do Álbum: 10113-a / Nº da Matriz: 1481-I / Lançamento: Fevereiro/1928 / Gênero musical: Samba / Coleções: IMS, Nirez


A malandragem eu vou deixar
Eu não quero saber da orgia
Mulher do meu bem querer
Esta vida não tem mais valia


Mulher igual
Para gente é uma beleza
Não se olha a cara dela
Porque isso é uma defesa


Arranjei uma mulher
Que me dá toda a vantagem
Vou virar almofadinha
Vou deixar a malandragem

Esses otário
Que só sabe é dar palpite
Quando chega o Carnaval
A mulher lhe dá o suíte

Você diz que é malandro
Malandro você não é
Malandro é seu Abóbora
Que manobra com as mulhé

sexta-feira, 25 de agosto de 2006

Que bate fundo é esse

Bide
Que Bate Fundo é Esse (samba, 1940) - Bide e Marçal - Intérprete: Anjos do Inferno

Disco 78 rpm / Título da música: Que Bate Fundo É Esse / Alcebíades Barcelos "Bide" (Compositor) / Armando "Marçal" (Compositor) / Anjos do Inferno (Intérprete) / Gravadora: Columbia, 1941 / Nº Álbum: 55.300-a / Lado A / Gênero musical: Samba.


Intro: D7  G  D7  G  D7  G  D7  G  C  Cm  G  Em  Am D7  G
 
             D7         D7/9/E  D7/F#
Que bate-fundo é este daqui
        D7/9/E     G
Que você vive a fazer
Mas isto assim não pode ser
                               D7
Vejo-lhe sempre zangada, mal-humorada
                G7
Maldizendo o que vê
 
Chego em casa cansado
              G7/B
E não posso dormir
         C        Cm
Com o falatório seu
                  G
E todo dia um lê-lê-lê
                    D7
E não me explica por que
                     G
Que bate-fundo, meu Deus
 
(Que bate-fundo é este, que bate-fundo é este)
 
                    D7
Que bate-fundo é este daqui (...)
 
B7                                              Em
Eu não posso mais suportar esta vida, isto não é viver
 
A vida assim não dá prazer
                E7                        Am
Procurei o céu e foi no inferno que fui me meter
 
Mas isto assim não pode ser
                                        Em
Você se lamenta e vem todo dia com a sua manhã
               C     
Diz que não tem sorte 
                     B7           Em    Em7M   Em7
e que a desgraça é que lhe acompanha
                                 D7
Que bate-fundo é este daqui (...)

quinta-feira, 10 de agosto de 2006

Fui louco

Alcebíades Barcelos
Este samba foi gravado sem aparecer o nome de Noel Rosa, mas há testemunhas de que ele é o parceiro de Bide (Alcebíades Barcelos) na composição. Almirante relacionou 'Fui louco' na discografia e musicografia de Noel. João Máximo e Carlos Didier também colheram depoimentos de pessoas que asseguraram ser o samba de Bide e Noel.

De qualquer maneira, trata-se de uma das muitas parcerias do compositor com os sambistas ligados às escolas de samba. Bide, grande compositor e excelente ritmista, foi um dos fundadores do bloco 'Deixa Falar', identificado como a primeira escola de samba. Segundo depoimento dele mesmo e de outros sambistas, foi inventor do surdo como instrumento de percussão do samba.

Fui Louco (samba, 1932) - Bide e Noel Rosa - Intérprete: Mário Reis

Disco 78 rpm / Título da música: Fui Louco / Autoria: Bide, 1902-1975 (Compositor) / Rosa, Noel, 1910-1937 (Compositor) / Reis, Mário (Intérprete) / Imprenta [S.l.]: Victor, 1932 / Nº Álbum 33645 / Lado A / Lançamento: 1933 / Gênero musical: Samba.


Intr.: F F#° C/G Am D7 G7 C

    G7                     C  C°  C   
Fui louco  Resolvi tomar juí......zo    
E7                       Am            R
A idade vem chegando e é preciso          E
Am/G   F#°                        C       F  2
Se  eu choro  Meu sentimento é profundo   R  X
B7 Bb7 A7                  Dm7            Ã
Ter perdido a mocidade na orgia  O
G7                  C                   
Maior desgosto do mundo!     

Dm      G7         C
Neste mundo ingrato e cruel
E7                     Am7  C7/G
Eu já desempenhei o meu papel
F        F#°   C/G       Am       D7  G7   C
E da orgia então  Já pedi minha de..mis..são

      Dm      G7         C
Neste mundo ingrato e cruel
E7                     Am7  C7/G
Eu já desempenhei o meu papel
F        F#°   C/G       Am       D7  G7   C
E da orgia então  Já pedi minha de..mis..são

*REPETE INTRODUÇÃO


Fonte: Songbook Noel Rosa - Volume 3 - Almir Chediak - Lumiar Editora.

sexta-feira, 28 de abril de 2006

A primeira vez

Alcebíades Barcelos
A Primeira vez (samba/carnaval, 1940) - Alcebíades Barcelos e Armando Marçal - Intérprete: Orlando Silva

Disco 78 rpm / Título da música: A primeira vez / Armando Marçal (Compositor) / Alcebíades Barcelos "Bide", 1902-1975 (Compositor) / Orlando Silva (Intérprete) / Orquestra (Acomp.) / Gravadora: Victor / Gravação: 04/11/1939 / Lançamento: 01/1940 / Nº do Álbum: 34544 / Nº da Matriz: 33249-1 / Gênero musical: Samba

Tom: D 

D                     E7
A primeira vez que eu te encontrei
 A7                    D
Alimentei a ilusão de ser feliz
Eu era triste e sorri
F#m
Peguei no pinho e cantei
C#7/F             C#7
Muitos versos eu fiz
A7
Em meu peito guardei
    D    C7     B7
Um dia você partiu
  Em           Gm
Meu pinho emudeceu
    E7              A7        D...
E a minha voz na garganta morreu 

 ...D        C7     B7
Procuro esquecer a dor
     Em
Não sou capaz
    A7          D
Meu violão não toca mais
  Em            A7/E     D       C7  B7
Eu vivo triste       a meditar
     E7
Não canto mais
        A7
Meu consolo é chorar
A interpretação de de João Gilberto:
Introdução:
Bmaj7  G#7/+5  G#m6  F#7/13  Bmaj7  F#7/13

Bmaj7      G#7/+5     C#7/9
A primeira vez que eu te encontrei,
C#m7/G#       F#7/+5 B6/9
Alimentei a ilusão de ser feliz
G#m7              A#7/+5
Eu era triste, sorri
D#m7                 F(b6)/C#
Peguei no pinho e cantei
F7/C             Bdim
Tantos versos eu fiz
C#m7             Em6  Bbdim
Em meu peito guardei
Bmaj7       G#7/+5
Um dia você partiu,
C#m7       Em6
Meu pinho emudeceu
Bbdim   Bmaj7 G#m6      C#7/G#  Gdim B6/9
E a     minha voz na gargan.....ta morreu
Bmaj7              G#7/+5
Procuro esquecer a dor,
C#m7
Não sou capaz,
F#7        F#9/+5     Bmaj7 G#7
Meu violão        não toca  mais
C#m7           Bb7   Ebm7      G#7
Eu vivo triste       a meditar,
C#7/G#       Em6       F#7/+5
Não canto mais, meu consolo é chorar


Fontes: Discografia Brasileira - IMS; Instituto Moreira Salles.

sábado, 22 de abril de 2006

Agora é cinza

Bide
Vindo da legendária Turma do Estácio, Bide (Alcebíades Maia Barcelos) se juntou a Marçal (Armando Vieira Marçal) para formar uma das mais homogêneas parcerias da música popular brasileira. Sua produção nos anos trinta tem especial importância no processo de fixação do samba. Autores de música e letra, eles se salientavam principalmente pelas melodias, do que é exemplo "Agora É Cinza", campeão do carnaval de 34 e um dos melhores sambas de todos os tempos.

Nesta, como em outras composições, cada parte foi composta por um dos parceiros, uma característica da dupla, que preferia trabalhar assim. Depois de prontas, as partes se ajustavam com facilidade, graças a uma perfeita identidade de estilos. Além de compositores, Bide e Marçal foram percussionistas, sendo este último pai do também percussionista Nilton Delfino Marçal, o Mestre Marçal.

Agora é cinza (samba, 1934) - Bide e Marçal - Intérprete: Mário Reis

Disco 78 rpm / Título da música: Agora é cinza / Alcebíades Barcelos (Compositor) / Armando Marçal (Compositor) / Mário Reis (Intérprete) / Pixinguinha [Direção], Diabos do Céu (Acomp.) / Gravadora: Victor / Gravação: 25/10/1933 / Lançamento: 12/1933 / Nº do Álbum: 33728 / Nº da Matriz: 65871-1 / Gênero musical: Samba / Coleção de origem: Nirez


----G-- E7--Am -----------------------D7
Você partiu / -----Saudades me deixou
-----------G -------------------Bb0-------- Am
Eu chorei / ---O nosso amor foi uma chama
------------D7-----------------G
Que o sopro do passado desfaz
-----E7------ Am
Agora é cinza
-------------G----- C7/9---- G
Tudo acabado / E nada mais......

-----G---- E7------------ Am
Você partiu de madrugada
----------D7-------------- G
E não me disse nada / Isso não se faz
---------E7---------------- Am
Me deixou cheio de saudade e paixão
------------------G
Não me conformo
-----------D7------- G--------- D7
Com a sua ingratidão (chorei porque)

------G ------E7----------- Am
Agora desfeito o nosso amor
-------------D7------------------ G
Eu vou chorar de dor / Não posso esquecer
----------E7--------------- Am
Vou viver distante dos teus olhos
---------------------G
Oh querida, não me deu
-----------D7----------- G------------- D7
Um adeus por despedida ( chorei porque)



A Canção no Tempo - Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello - Vol. 1 - Editora 34; Discografia Brasileira - IMS; Instituto Moreira Salles.

terça-feira, 4 de abril de 2006

Marçal (Armando Vieira Marçal)

Armando Vieira Marçal nasceu no Rio de Janeiro, filho de Vicente Marçal e Carolina Marçal, no dia 14 de outubro de 1903. Sua família era humilde e teve infância difícil, mal podendo cursar o primário. Iniciou-se cedo na profissão de lustrador de móveis na Casa Pratt e, mesmo tendo sucesso como compositor e ritmista, não a deixou. 


Ao morrer, em 20 de junho de 1947, era o lustrador dos móveis do Hotel Vera Cruz, à rua D. Pedro I, sempre no Rio de Janeiro. Casado com D. Ângela Delfina Marçal, foi pai de três filhos, inaugurando verdadeira dinastia de sambistas.

O terceiro filho, Nilton (os outros dois, Valdir e Iara, morreram cedo), viria a se tornar o conhecido Mestre Marçal, um dos maiores ritmistas da música popular brasileira, mestre de bateria da Escola de Samba da Portela, e o neto, Marçalzinho, continuaria a tradição como ritmista, fazendo carreira nos Estados Unidos.

Armando Marçal participou da primeira gravação com instrumentos de ritmo feita no Brasil, a de Na Pavuna, de autoria de Almirante e Homero Dornellas, que se assinava Candoca da Anunciação. Marçal, Bide, João da Baiana, Bucy Moreira, Raul Marques e outros que se tornaram os pioneiros.

Marçal trabalhava como ritmista em emissoras de rádio, desde 1934, e gostava de promover rodas de samba em sua casa, frequentadas por amigos compositores e por astros consagrados como Francisco Alves, Orlando Silva, Sílvio Caldas, entre outros.

O maior sucesso da dupla Bide/Marçal foi o samba Agora é cinza, que tem uma história curiosa. Oferecido no Café Nice ao cantor Mário Reis, junto com o samba Vivo sonhando, foi em princípio recusado, tendo Mário aconselhado que as músicas fossem apresentadas primeiro a Francisco Alves. Isso porque eles estavam meio brigados desde que resolveram não gravar mais em dupla e Mário queria fazer uma gentileza ao colega. Francisco Alves escolheu Vivo sonhando e Mário Reis gravou a que sobrou, Agora é cinza, a que se tornou um clássico, um dos cinco maiores sambas de todos os tempos, segundo pesquisa junto a especialistas.

Além dos grandes sambas que compunham juntos, Bide e Marçal - como quase todos os compositores de sua geração - eram excelentes seresteiros e gostavam das valsas brasileiras em moda. São deles, como exemplos, as valsas Silêncio, composta em 1941, e Prece a Lua, feita em 1945.

Dois anos depois, em 1947, bastante jovem, com apenas 44 anos de idade, um ataque cardíaco surpreendeu Armando Marçal, quando visitava as dependências da gravadora RCA Victor, no Rio de Janeiro. A morte dele desfazia a famosa dupla, mas seus sambas continuam a ser gravados com sucesso até hoje.


Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha, 1998 - SP.

Bide (Alcebíades Barcelos)

Alcebíades Maia Barcelos o Bide, nome inscrito com justiça entre os maiores compositores de samba na história da música popular brasileira, nasceu em Niterói, estado do Rio de Janeiro, em 25 de julho de 1902. Aos seis anos já estava morando na cidade do Rio de Janeiro, indo a família se fixar no lendário reduto do samba, o bairro de Estácio de Sá. 


Esse fato deve ter contribuído decisivamente para o futuro musical do menino. Como em geral acontecia com os sambistas, as origens de Bide foram bastante, humildes, sendo desde cedo obrigado a trabalhar. O primeiro emprego foi como aprendiz de sapateiro.

Levado por companheiros de trabalho, passou a frequentar as rodas de samba do bairro, participando do movimento que promoveu a transição do estilo amaxixado do samba, para sua forma definitiva. Começou a compor e a qualidade de suas músicas chegou até o cantor Francisco Alves, que costumava comprar produção de qualidade, de compositores populares, e gravá-la em seu próprio nome. Foi o que aconteceu com o samba A malandragem, que Francisco Alves aprendeu com Bide e gravou em seguida pela Odeon. No disco consta apenas o nome do cantor como autor, embora na partitura Bide apareça como parceiro.

Já completamente integrado ao grupo de sambistas do Estácio, fundou - ao lado de Ismael Silva, Mano Edgar, Brancura, Baiaco e outros bambas - a primeira escola de samba, a célebre Deixa Falar. Foi no samba do Estácio, e por consequência na Deixa Falar, que Bide introduziu o surdo e o tamborim, abrindo novas perspectivas para compositores e executantes do ainda novo ritmo.

No final da década de 20, abandonou a profissão de sapateiro e passou a viver da carreira artística, na qual se fixou como ritmista, assíduo participante dos estúdios de gravações e orquestras ou conjuntos radiofônicos (viria a ser funcionário da Rádio Nacional anos depois). Como compositor, teve em Armando Marçal o mais constante companheiro, formando com ele uma dupla que garantiu presença permanente na história da música brasileira. Foi com ele que compôs o samba Agora é cinza, considerado pela crítica um dos mais bem-feitos em todos os tempos. Em seu lançamento, no Carnaval de 1934, o samba foi o vencedor do concurso de músicas carnavalescas, e promovido pela prefeitura do então Distrito Federal.

Mas, apesar do sucesso da dupla, vez que outra Bide "traía" Marçal e compunha com outros parceiros. Noel Rosa, Walfrido Silva, Benedito Lacerda, Alberto Ribeiro, João da Baiana, Kid Pepe, João de Barro, Ataulfo Alves, Mano Décio da Viola e Roberto Martins estavam entre eles. É atribuída a Bide a descoberta de Ataulfo Alves como compositor, que, levado em 1934 para a RCA Victor, teve gravado seu primeiro samba. Até a morte de Marçal em 1947, a produção musical de Bide foi intensa, tendo caído bastante depois do falecimento do parceiro favorito.

Em 1955, o compositor chegou a animar-se novamente, ao participar da gravação de O Carnaval da Velha Guarda, LP do selo Sinter, com o conjunto da Guarda Velha, liderado por Pixinguinha. O grupo contava, entre outros, com as presenças de Bide, tocando afoxê, Donga, no violão, e João da Baiana, com sua personalíssima batida de pandeiro.

Em 18 de março de 1975, aos 73 anos, praticamente cego e paralítico, morreu no conjunto residencial para músicos, no Rio de Janeiro.


Fonte: História do Samba - Editora Globo.