terça-feira, 18 de julho de 2006

Baby

Caetano e Gal (1968)
Maria Bethânia tem tudo a ver com a canção “Baby”, pois foi ela quem a encomendou ao irmão Caetano Veloso. “Ela já tinha o título e grande parte da letra” esclarece Caetano, no livro Verdade tropical. “‘Baby’, ela queria que a canção se chamasse. E fazia questão de que nela fosse feita referência a uma T-shirt em que se podia ler a frase ‘I love you’. (...) E que a canção tinha que terminar dizendo: ‘leia na minha camisa, baby, I love you’.”

Assim a música foi feita, encaixando-se os seus versos, com sugestões de comportamento (“Você precisa saber da piscina / da margarina / da Carolina / da gasolina / você precisa saber de mim / baby, baby / eu sei que é assim...”), na estética tropicalista, e, por extensão, no repertório do elepê Tropicália ou panis et circensis, na ocasião em preparação.

No entanto, ao contrário da canção, Bethânia não se encaixou, ou melhor, não quis se encaixar no projeto, decidida que estava em não mais participar de grupos ou movimentos artísticos. Na verdade, ela detestara ter sido, dois anos antes, transformada em musa da canção de protesto em razão do sucesso de “Carcará”.

Então, “Baby” foi gravada por Gal Costa, tornando-se o seu primeiro grande sucesso, com uma interpretação que deslumbrou o autor, deixando-o fortemente emocionado, ainda no estúdio. Gal conseguiu sobrepor ao belo arranjo para cordas de Rogério Duprat um suave e nostálgico clima intimista de bossa nova — com o qual ela tanto se identificava, ela que era considerada na Bahia o “João Gilberto de saias” —, misturado com o de balada rock and roll, que nada tinha a ver com o João, mas estava presente nas entrelinhas do novo movimento.

O próprio Caetano reforçou essa indução com a sua participação, citando em contracanto o final de “Diana”, balada de Paul Anka que fizera sucesso no Brasil em 1958. “Baby” ficou sendo um marco na carreira de Gal Costa, que soube aproveitar esse tremendo impulso para em seguida se projetar definitivamente, ao entregar-se a um estilo francamente pop, em “Divino Maravilhoso”, numa surpreendente guinada de 180 graus (A Canção no Tempo – Vol. 2 – Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello – Editora 34).

Baby (1968) - Caetano Veloso - Intérprete: Gal Costa

LP Tropicália Ou Panis Et Circenses / Título da música: Baby / Caetano Veloso (Compositor) / Gal Costa (Intérprete) / Caetano Veloso (Intérprete) / Gravadora: Philips / Nº Álbum: R 765.040 L / Ano 1968 / Lado B / Faixa 1 / Gênero musical: MPB.

Tom: D

D  G                       D  
Você precisa saber da piscina, da  
              G                   D  G  D  
Margarina, da Carolina, da gasolina   
        G                D  G  
Você precisa saber de mim   
   D        Bm   Em           A7  
Baby, baby, eu sei que é assim  
   D        Bm   Em           A7  
Baby, baby, eu sei que é assim  
       D  G                  D  
Você precisa tomar um sorvete  
              G               D  
Na lanchonete, andar com gente  
               G  D  
Me ver de perto.  
           G                  D  G  
Ouvir aquela canção do Roberto   
   D        Bm  Em         A7  
Baby, baby, há quanto tempo  
   D        Bm  Em         A7  D  
Baby, baby, há quanto tempo   
  
         G                  D  G  
Você precisa aprender inglês   
                             D  
Precisa aprender o que eu sei  
                       G  
E o que eu não sei mais  
                       D  G  D  
E o que eu não sei mais    
          G                  D  G  
Não sei, comigo vai tudo azul   
                       D  G  
Contigo vai tudo em paz   
                        D  
Vivemos na melhor cidade  
           G  
Da América do Sul  
            D  
Da América do Sul  
          G               D  G  
Você precisa, você precisa   
           D   G             D  G  
Não sei, leia na minha camisa   
  D         Bm  Em    A7  
Baby, baby, I love you  
  D         Bm  Em    A7  
Baby, baby, I love you

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