quarta-feira, 3 de maio de 2006

Copacabana


"Copacabana" nasceu em 1944, quando o americano Wallace Downey encomendou a João de Barro e Alberto Ribeiro uma canção que identificasse musicalmente um night-club de Nova York, cujo título homenageava a praia carioca. Aproveitando alguns compassos de seu fox "Era Uma Vez" (lançado sem sucesso por Arnaldo Amaral e Neide Martins, em 1939), os compositores desenvolveram o tema na forma de um samba-canção, suave e romântico.

Como o assunto do night-club não se concretizou, "Copacabana" permaneceu inédita até meados de 46, quando João de Barro resolveu gravá-la com o cantor e pianista Dick Farney , que na época iniciava sua carreira interpretando música norte-americana. "Por esse motivo não foi fácil convencê-lo a cantar em português", relembra João de Barro. Resistindo aos apelos do amigo, Dick argumentava: "Mas eu não sei cantar samba, Braguinha!".

Finalmente, para agradar o compositor, que também era diretor da gravadora, ele acabou gravando "Copacabana" e "Barqueiro do São Francisco", um samba de Alcir Pires Vermelho e Alberto Ribeiro. No acompanhamento, havia uma orquestra constituída por oito violinos, duas violas, violoncelo, oboé, piano, violão, contrabaixo e bateria, executando arranjos "diferentes" de Radamés Gnattali -, que causaram celeuma na ocasião e depois passaram a ser considerados um marco na evolução da moderna MPB. Na verdade, Radamés já fazia havia tempos esse tipo de arranjo em suas atividades nas rádios e gravadoras.

Entretanto, o sucesso de "Copacabana", cuja melodia se prestava, mais do que as músicas da época, a realçar as concepções harmônicas do orquestrador, iria chamar a atenção dos críticos para a modernidade do arranjo, que encantou os novos e desagradou os conservadores - "Bonitinho, mas não é samba", comentou o flautista Benedito Lacerda ao ouvir pela primeira vez o disco.

Recordista de vendagem, "Copacabana" se manteria nas paradas de sucesso, disputando as primeiras colocações, de setembro de 46 ao final de 47. Pode-se mesmo dizer que sua gravação marcou o começo da fase áurea da Continental. Serviu ainda para convencer Dick Farney de que ele "sabia" cantar em português, motivando-o a gravar uma longa série de sambas românticos. E o curioso é que "Copacabana", feita às pressas, não despertaria em princípio o entusiasmo de seus autores.

Copacabana (samba-canção, 1946) - João de Barro e Alberto Ribeiro

Disco 78 rpm / Título da música: Copacabana / Autoria: Ribeiro, Alberto, 1902-1971 (Compositor) / João de Barro, 1907-2006 (Compositor) / Farney, Dick, 1921-1987 (Intérprete) / Patané, Eduardo (Acompanhante) / Orquestra de Cordas (Acompanhante) / Imprenta [S.l.]: Continental, 1946 / Nº Álbum 15663 / Lado A / Gênero musical: Samba canção

    G7+       Em7/9       Am7
Existem praias tão lindas 
         D7/9       G7+  E7/9- Am7  D7/9
        cheias de luz 
     G7+     Em7/9  Am7
Nenhuma tem o encanto 
        D7/9          B5+/7  E7/9  E7/9-
        que tu possuis 
Am7   D7/9   G7+
Tuas areias, teu céu tão lindo 
Em7/9  A7/13     Am7   D7/9-    Gm7      C7/9-
Tuas sereias sempre sorrindo, sempre sorrindo 
F7+                         Em7            A7
Copacabana, princesinha do mar 
Dm7                            A7
Pelas manhãs tu és a vida a cantar 
Bb7+    Bm5-/7   E7   Am7
E à tardinha o sol poente 
Dm7                        G7/13   Gm7      C7/9-
Deixa sempre uma saudade na gente 
F7+                        Em7        A7
Copacabana o mar eterno cantor 
Dm7                    A7
Ao te beijar ficou perdido de amor 
Bb7+ Bm5-/7 E7     Am7
E hoje vivo a murmurar 
      Dm7      G7/13  Gm7/9
Só a ti Copacabana eu hei 
       C7/9 F7+
      de amar 
     (Eb7+  F7+)

Fonte: A Canção no Tempo - Vol. 1 - Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello - Editora 34.

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