"Copacabana" nasceu em 1944, quando o americano Wallace Downey encomendou a João de Barro e Alberto Ribeiro uma canção que identificasse musicalmente um night-club de Nova York, cujo título homenageava a praia carioca. Aproveitando alguns compassos de seu fox "Era Uma Vez" (lançado sem sucesso por Arnaldo Amaral e Neide Martins, em 1939), os compositores desenvolveram o tema na forma de um samba-canção, suave e romântico.
Como o assunto do night-club não se concretizou, "Copacabana" permaneceu inédita até meados de 46, quando João de Barro resolveu gravá-la com o cantor e pianista Dick Farney, que na época iniciava sua carreira interpretando música norte-americana. "Por esse motivo não foi fácil convencê-lo a cantar em português", relembra João de Barro. Resistindo aos apelos do amigo, Dick argumentava: "Mas eu não sei cantar samba, Braguinha!".
Finalmente, para agradar o compositor, que também era diretor da gravadora, ele acabou gravando "Copacabana" e "Barqueiro do São Francisco", um samba de Alcir Pires Vermelho e Alberto Ribeiro. No acompanhamento, havia uma orquestra constituída por oito violinos, duas violas, violoncelo, oboé, piano, violão, contrabaixo e bateria, executando arranjos "diferentes" de Radamés Gnattali -, que causaram celeuma na ocasião e depois passaram a ser considerados um marco na evolução da moderna MPB. Na verdade, Radamés já fazia havia tempos esse tipo de arranjo em suas atividades nas rádios e gravadoras.
Entretanto, o sucesso de "Copacabana", cuja melodia se prestava, mais do que as músicas da época, a realçar as concepções harmônicas do orquestrador, iria chamar a atenção dos críticos para a modernidade do arranjo, que encantou os novos e desagradou os conservadores - "Bonitinho, mas não é samba", comentou o flautista Benedito Lacerda ao ouvir pela primeira vez o disco.
Recordista de vendagem, "Copacabana" se manteria nas paradas de sucesso, disputando as primeiras colocações, de setembro de 46 ao final de 47. Pode-se mesmo dizer que sua gravação marcou o começo da fase áurea da Continental. Serviu ainda para convencer Dick Farney de que ele "sabia" cantar em português, motivando-o a gravar uma longa série de sambas românticos. E o curioso é que "Copacabana", feita às pressas, não despertaria em princípio o entusiasmo de seus autores.
Copacabana (samba-canção, 1946) - João de Barro e Alberto Ribeiro - Intérprete: Dick Farney
Disco 78 rpm / Título da música: Copacabana / Alberto Ribeiro, 1902-1971 (Compositor) / João de Barro, 1907-2006 (Compositor) / Dick Farney, 1921-1987 (Intérprete) / Eduardo Patané e Sua Orquestra de Cordas (Acomp.) / Gravadora: Continental / Gravação: 02/06/1946 / Lançamento: 07/1946 / Nº do Álbum: 15663 / Nº da Matriz: 1509-3 / Gênero musical: Samba canção / Coleções de origem: IMS, Nirez
G7+ Em7/9 Am7 Existem praias tão lindas D7/9 G7+ E7/9- Am7 D7/9 cheias de luz G7+ Em7/9 Am7 Nenhuma tem o encanto D7/9 B5+/7 E7/9 E7/9- que tu possuis Am7 D7/9 G7+ Tuas areias, teu céu tão lindo Em7/9 A7/13 Am7 D7/9- Gm7 C7/9- Tuas sereias sempre sorrindo, sempre sorrindo F7+ Em7 A7 Copacabana, princesinha do mar Dm7 A7 Pelas manhãs tu és a vida a cantar Bb7+ Bm5-/7 E7 Am7 E à tardinha o sol poente Dm7 G7/13 Gm7 C7/9- Deixa sempre uma saudade na gente F7+ Em7 A7 Copacabana o mar eterno cantor Dm7 A7 Ao te beijar ficou perdido de amor Bb7+ Bm5-/7 E7 Am7 E hoje vivo a murmurar Dm7 G7/13 Gm7/9 Só a ti Copacabana eu hei C7/9 F7+ de amar (Eb7+ F7+)
Fonte: A Canção no Tempo - Vol. 1 - Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello - Editora 34.
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