quarta-feira, 3 de maio de 2006

Maria Bethânia

Raros são os compositores brasileiros que, vivendo fora do eixo Rio-São Paulo, tornam-se conhecidos nacionalmente. Uma exceção é o pernambucano Capiba ou Lourenço da Fonseca Barbosa (na foto), autor de frevos, maracatus e muitas canções bonitas como "Maria Bethânia".

Esta composição, cuja história tem aspectos pitorescos, foi feita em 1943, por encomenda de Hermógenes Viana, diretor do Teatro dos Bancários, grupo que ensaiava na ocasião a peça "Senhora de Engenho", de Mário Sette.

Tendo como motivo Maria da Bethânia, heroína da peça, a canção deveria ser apresentada num ato de variedades, criado por Hermógenes para complementar o espetáculo. Pouco faltou, porém, para Capiba não atender ao pedido, pois só conseguiu concluir a canção na véspera da estreia, quando reduziu o nome da moça, que não se encaixava na melodia, para Maria Bethânia.

Mal apresentada no palco, "Maria Bethânia" teve melhor sorte dois anos depois, quando Nelson Gonçalves, em temporada em Recife, cantou-a no rádio e acabou gravando-a. Esta gravação, aliás, só aconteceu por insistência de um lojista pernambucano, que se comprometeu junto à RCA a comprar um mínimo de duzentos discos. Então, a composição tornou-se um clássico, popularizando o nome, que inspiraria o surgimento de muitas Marias Bethânias, inclusive a cantora, assim batizada por insistência de seu irmão, Caetano Veloso, admirador da canção.

Inspiraria ainda a paixão de um marinheiro americano que, em noite de bebedeira, fez o disco tocar dezenas de vezes consecutivas na eletrola do Bar Gambrinus, na zona portuária de Recife. Resultado da brincadeira: frequentadores da casa surraram o marinheiro e arrebentaram a eletrola.

Maria Bethânia (canção, 1945) - Capiba - Interpretação: Nelson Gonçalves

Disco 78 rpm / Título da música: Maria Betânia (*) / Capiba, 1904-1997 (Compositor) / Nelson Gonçalves, 1919-1998 (Intérprete) / Orquestra (Acomp.) / Gravadora: Victor / Gravação: 27/04/1945 / Lançamento: 08/1945 / Nº do Álbum: 80-0301 / Nº da Matriz: S-078168-1 / Gênero musical: Valsa canção

          Em                Gbm7/-5    B7         Em   E7
Maria Bethânia / Tu és para mim a senhora do engenho
             Am              Bm7/-5
Em sonhos te vejo / Maria Bethânia,
                                          E7             Am    
                                       és tudo o que eu tenho
   Am7       Gbm7/-5      B7        Em    Em/D
Quanta tristeza          sinto no peito
            Gb7                      B7
Só em pensar que o meu sonho foi desfeito

          Em              Gbm7/-5   B7         Em    E7
Maria Bethânia / Tu lembras ainda daquele São João
          Am                   Bm7/-5     E7     Am   Am7
As minhas palavras caíram bem dentro do teu coração
        Gbm7/-5    B7       Em      Em/D
Tu me olhavas        com emoção
         Gb7                      B7
E sem querer, pus minha mão na tua mão
         Em                Gbm7/-5   B7         Em    E7      
Maria Bethânia / Tu sentes saudade de tudo, bem sei
                  Am     Bm7/-5      E7          Am 
Porém também sinto saudade do beijo que nunca te dei   
Am7        Gbm7/-5     B7       Em         Em/D
Beijo que vive         com esplendor
               Gb7                     B7
Nos lábios meus  para aumentar a minha dor

          Em           Gbm7/-5      B7         Em    E7
Maria Bethânia / Eu nunca pensei acabar tudo assim
          Am             Bm7/-5        E7         Am
Maria Bethânia / Por Deus eu te peço tenha pena de mim
Am7       Gbm7/-5   B7         Em    Em/D
Hoje confesso         com dissabor
     Gb7    B7                Em   Am  Em
Que não sabia     nem conhecia o amor
(*) Nesta primeira gravação Bethânia sem o "h" no rótulo do disco.


Fontes: Instituto Moreira Salles - Acervo musical; A Canção no Tempo - Volume 1 - Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello - Editora 34.

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