Cláudia Barroso (Amélia Rocha Barroso, 23/4/1932, Ipirapitinga, MG), cantora e compositora, aos sete anos de idade, perdeu tragicamente o pai, o que que fez sua mãe se mudar com os filhos (ela e mais três irmãos) para Santo Antônio de Pádua, RJ. A vocação artística foi despertada, ainda menina, quando começou a cantar nas festinhas da escola. Posteriormente, a família foi morar na cidade do Rio de Janeiro, no bairro do Méier.
Diante da necessidade da família, a menina Amélia começou a trabalhar como babá. Depois, passou a trabalhar numa fábrica de estojos para joias. Aos 15 anos, casou-se e teve um casal de filhos. Durante muitos anos, Amélia se dedicou inteiramente aos filhos e ao marido.
Em 1957, já separada e com os filhos mais crescidos, resolveu que era o momento de tentar a carreira artística. Incentivada por uma amiga, dirigiu-se ao programa de calouros de Ary Barroso. Foi gongada na primeira apresentação, não por desafinar, mas por errar a letra da música
Risque, de Ary Barroso. Tentou, em seguida o programa de calouros de Renato Murce, na rádio Nacional/RJ, sendo bem sucedida e permanecendo por várias semanas na disputa, até ganhar o prêmio final. Foi convidada pela cantora Marisa Gata Mansa para fazer um teste na boate do Copacabana Palace, pois lá estavam precisando de uma "crooner". Tendo passado no teste, ali surgiu seu primeiro trabalho como cantora profissional.
Em 1958, gravou pela primeira vez ao participar do LP
Meia noite no meia noite, da gravadora Todamérica que contou com as participações de Moacyr Silva e seu conjunto e de Cópia e seu conjunto. Nesse disco gravou a faixa
Não adianta chorar, de Eduardo Patané e Almeida Rego, acompanhada da Orquestra do Copacabana Palace, regida pelo maestro Cópia, o Copinha. Posteriormente, foi contratada para ir cantar em São Paulo, na boate "Capitains Bar", do Hotel Comodoro. Ali cantou com diversos músicos, como Valter Vanderley, Paulinho Nogueira e Pedrinho Mattar. Por seu talento e versatilidade, tornou-se crooner muito disputada pelos donos de casas noturnas de São Paulo, pois cantava também em vários idiomas. Recebeu da gravadora Odeon convite para gravar a música
Fica comigo essa noite, de Adelino Moreira. Foi o seu primeiro disco solo, ainda em 78 rpm que trazia no outro lado
Não, eu não vou ter saudade, de Vaucaire e C. Dumont, com versão de Romeu Nunes, disco lançado em fevereiro de 1962.
Em 1967, lançou um LP pela gravadora Fermata no qual interpretou as músicas
Esta é a minha canção (The is my song), de Charles Chaplin,
Falem-me dele (Parlez-moi de lui), de M. Rivgauche e J. Dieval, e
Nenhum de vocês (Nessuno di voi), de Pallavicini e Kramer, com versões de Alexandre Cirus,
Eu por amor (Io per amore), de P. Donaggio e V. Pallavicini,
É mais forte que eu (É piu forte di me), de E. Polito e A. del Monaco, e
O silêncio (Il silenzio), de G. Brezza e N. Rosso, as três em versões de Fred Jorge,
Deus como te amo (Dio come ti amo), de Domenico Modugno, versão de Demetrio Carta,
Amor não é brinquedo (Eine ganze nacht), de J. Last e G. Loose, e
Glória (In excelsis Deo), de S. Vasco, T. Del Rincon e T. Rendall, em versões de Juvenal Fernandes,
A música termina (La música é finita), de U. Bindi e F. Califano, e
Valsa da recordação (Vals del recuerdo), de Kalender e B. Molar, versões de Salathiel Coelho, e
Começar de novo, de Nóbrega e Souza, David Mourão e Ferreira. Nesse ano, gravou a marcha
Flores na varanda, de Osvaldo Cruz e Celina Paiva, incluída na coletânea carnavalesca "Carnaval 68" do selo Som Maior, algo raro em sua carreira de cantora romântica.
Em 1970, recebeu um convite para participar como jurada no programa Sílvio Santos. Sua atuação obteve tanto sucesso, que ela foi contratada pelo animador, passando a ser presença obrigatória no programa, o qual era levado ao ar, ao vivo, aos domingos. Um dia, ao dirigir-se a uma caloura, criticou a interpretação da música, atribuindo-lhe uma nota que causou polêmica no programa. Desafiada, então, pelo animador Sílvio Santos a interpretar aquela música de forma melhor que a candidata, foi ao palco e cantou magistralmente, arrancando intermináveis aplausos do público e, principalmente, dos demais membros do juri.
Logo em seguida, a gravadora Continental a contratou, iniciando uma fase de grande sucesso da cantora. Em 1971, lançou seu primeiro LP pela gravadora Continental interpretando as músicas
A vida é mesmo assim,
Quem mandou você errar, de sua autoria,
Pra que chorar, de Jorge Ricardo,
Amiga, de Anastácia,
Dona tristeza, de Jacobina e Almeida Rego,
Juntinho é melhor, de Fernando Barreto, Fernando Costa e Rossini Pinto,
Você mudou demais, de Dik Júnior,
Tudo acabado, de J. Piedade e Osvaldo Martins, entre outras.
Em 1973 teve sucesso sua gravação de
Ah! Se eu fosse você, de sua autoria. Em 1975 gravou
Deixe meu marido em paz e
Duas almas, esta última em parceria Carlos Bonani. No mesmo ano, gravou
Ninguém pertence a ninguém (Osmar Navarro e Portinho) e
O homem que eu amo (Chico Xavier).
Em 1976 gravou
Mulher sem nome e
Pedaço de papel, ambas de Anastácia em LP.
Em 1995 lançou pela Warner o disco
Dose dupla. Em 2003, lançou o CD
A vida é assim mesmo - Ao vivo.
Dona de um carisma sem igual e de uma voz límpida de timbre sereno e encorpado, Cláudia Barroso é uma das principais intérpretes da música romântica que o país conhece... ou deveria conhecer.
Fontes: Dicionário Cravo Albin da MPB; Cantoras do Brasil - Cláudia Barroso.