sexta-feira, 14 de abril de 2006

Música Regional


Os compositores profissionais urbanos, a partir do início da segunda década do séc. XX, designaram o nome "música sertaneja" as estilizações de ritmos rurais que denominavam arbitrariamente de modas, toadas, cateretês, chulas, emboladas e batuques, que se identificavam por letras invariavelmente evocativas de beleza bucólica e romântica da paisagem, da vida e da gente do interior, e que, por serem nascidas e criadas longe das grandes cidades, eram tão livres quanto possível das influências norte-americanas e europeias (jazz, fox-trot, música francesa, canção napolitana) sofridas pela cultura urbana.


A aceitação dessas chamadas canções sertanejas começou na área popular a partir do sucesso carnavalesco, em 1914, da toada Caboca di Caxangá (João Pernambuco e Catulo da Paixão Cearense), e entre as classes média e alta desde o sucesso da apresentação, na noite de 28 de dezembro de 1915, no Teatro Municipal, de São Paulo SP, por iniciativa do escritor Afonso Arinos, de algumas cenas do "antiquíssimo bumba-meu-boi, conhecido em todo o Brasil".

Posteriormente, denominação mais genérica e usual para toda música popular com características rurais, notadamente uso de violas caipiras e acordeons, vocalização em terças paralelas (ou seja, as melodias das duas vozes se mantêm separadas pela mesma distância na escala) e atmosfera geral interiorana. O termo costuma ser utilizado como sinônimo de música caipira, ou seja, a música da região Centro-Sul (também chamada "Paulistânia").

Mais amplamente, música sertaneja seria também o baião, o xaxado, enfim, toda música produzida nas regiões Norte-Nordeste, onde efetivamente há. sertão e que têm em comum o fato de não serem cultura de cidade grande.

Desde o começo do séc. XX, temos música urbana produzida com sotaque interiorano, caracterizando até gêneros como samba sertanejo e valsa sertaneja. Tanta confusão é aumentada pelo fato de muitos estudiosos fazerem distinção entre caipira e sertanejo. Música sertaneja é, para eles, a música caipira feita nos grandes centros urbanos por não-caipiras, "fabricada" por imitação, humorismo ou comércio puro e simples; ou, como diz José Ramos Tinhorão: "a música caipira é manteiga, e a sertaneja é margarina".

Um bom exemplo desta última é a valsinha Sereno, de Antônio Almeida (sobre motivo folclórico), lançada pelos Anjos do Inferno em 1943 e que inclui brincadeira com o caipira do Sul: "Ô dona Maricota, quer me dar o prazer desta contradança? / Pois não, seu Janjão! ".

Inesita Barroso aponta um fator que diferencia definitivamente a música caipira da sertaneja: aquela só canta sobre a vida no campo, incluindo histórias de bichos, chegando muitas vezes a ser fábula musicada (embora, acrescentamos, possa falar também de "causos" ligados à religião e de entreveros resultantes do contraste entre pessoas ou coisas caipiras e urbanas). Já a música sertaneja, feita na cidade, só fala de temas da cidade, sendo, em geral, mais dramática e negativa, com perdições, traições, adultérios.


Algumas letras, cifras e gravações:


























































































Página com músicas sertanejas não inclusas aqui:



Abaixo a relação dos artistas e artigos da Música Regional publicados no blog:










































Fonte do artigo: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha, SP, 1998.

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